As contaminações e óbitos do Covid-19 no Tocantins como que confirmam as previsões da Lei de Murphy: "Qualquer coisa que possa ocorrer mal, ocorrerá mal, no pior momento possível".

A segunda-feira que antecede dois dias do aniversário da Revolução de 64 (tábua de princípios e valores do Jair Bolsonaro das 313 mil mortes pelo Covid-19) encontra o Tocantins (que não discutirá se o golpe foi uma revolução, contra-revolução ou contra-golpe) e que substituirá a Internacional (hino dos comunistas e socialistas) por algo mais real: choro e desengano.

No Estado hoje as pessoas tem na frente um destino: não há UTIs Covid-19 em Palmas, Gurupi, Araguaína e Augustinópolis. Cidades onde o governo optou por instalá-las. Estão 100% ocupadas as UTIs (pública e privadas) do Hospital Regional de Gurupi, Hospital Geral de Palmas, Hospital Regional de Araguaína, Hospital Regional de Augustinópolis, Hospital Estadual do Covid/Palmas, Hospital de Campanha de Araguaína, Hospital Santa Tereza (Palmas), Hospital Osvaldo Cruz (Palmas).

Desde 23 de fevereiro o governador determinou ao Secretário de Saúde a contratação de novos leitos de UTIs nas cidades (e hospitais) onde opera. Já são 36 dias. Para Porto Nacional, a promessa de Mauro Carlesse se deu em 27 de agosto de 2020. Passa de sete meses, portanto, e a UTI não foi instalada naquela cidade. Os pacientes eram, até ontem, levados a Gurupi ou Palmas.

Porto Nacional registrava em 27 de agosto de 2020 um total de 1.700 casos e 29 óbitos. No boletim de ontem, sem a instalação da UTI prometida em 27 de agosto do ano passado, os casos somam 6.275 contaminados e 120 mortos. Ou seja, os casos aumentaram 4.575 (269%) e morreram mais 91 portuenses (313% a mais de óbitos em sete meses). Tendo que ser deslocados para tratamento.

São números da própria Secretaria de Saúde. A mesma que no seu planejamento, por exemplo, não colocou UTI no Hospital Regional de Dianópolis. De outro modo, o paciente de Lavandeira (184 km de Dianópolis,2h30 de deslocamento) tem que ser levado a Palmas (500 km e 7 hr de viagem) ou os 300 km até Gurupi (6h e meia de viagem). O mesmo se dá com Arraias, Rio da Conceição, Taguatinga e todos os municípios do Sudeste do Estado.

E por que é assim? Ora, porque o Secretário de Saúde deve ter convencido o Governador dessa não-lógica, dessa geopolítica estupidamente equivocada e até insana. E não houve deputados (representantes da população) a questionar-lhe o procedimento. Isto porque recursos financeiros não faltam. Inclusive para subsidiar apoios a parlamentares pela adesão contrária à necessidade de seus representados.

Nessa geo-politica do voto, Porto Nacional (53 mil habitantes e 40 mil eleitores) tem sete deputados estaduais e  não tem UTI. Em segundo vem Palmas (que tem UTI) com cinco parlamentares. Na Capital são 58 UTIs em quatro hospitais. Araguaína com cinco parlamentares tem 58 UTIs em cinco Hospitais. Já Gurupi, com um deputado (e o governador) tem 32 UTIs. E por último, Augustinópolis (com seu Hospital Regional e um deputado) abriga 10  leitos de UTI para atender os 25 municípios do Bico do Papagaio.

De outro modo: o Covid-19 tem realçado que o Corredor da Miséria anterior à criação do Estado, continua como Corredor da Miséria no enfrentamento da maior crise de saúde no planeta nos últimos séculos. E não por falta de representação e sim do exercício desviado dela.

 

 

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