A presidente da Câmara de Palmas, Janad Valcari, decidiu hoje jogar pedra na lua. E ainda envolveu a Caixa Econômica Federal. Numa demonstração de que veio para causar até 2022.
E não ficou só nisso: usou cartazes e transparências na abertura do Legislativo como se carregasse "picolés" em manifestações de rua reivindicando solidariedade da população às suas demandas políticas.
Enquanto do outro lado do balcão, cem mil pessoas que tiveram o auxílio emergencial cortado na cidade não sabem como passarão as próximas horas.
O problema é que vai comandar por dois anos um poder responsável por fazer leis das quais a maior autoridade é indiscutivelmente a demonstração de respeito por elas.
Sim, porque a Caixa fazer proposta de financiamento à Câmara Municipal e a parlamentar anunciar que tem o apoio de 19 vereadores na cobrança pública à prefeita Cínthia Ribeiro é algo especialmente estupefaciente.
E um desrespeito aos funcionários da Instituição que tem normas cujo cumprimento é fiscalizado pelo Tribunal de Contas da União como a Câmara e a Prefeitura tem a lupa do TCE.
É como se a Caixa fizesse uma proposta de cheque especial a um menor impúbere ou a uma pessoa interditada ou incapaz.
Como qualquer leigo sabe, Legislativos não podem contrair empréstimos. É um impeditivo legal. A Câmara tem, por lei, apenas os duodécimos de recursos.
Se não os gasta, tem que devolver ao Executivo. Este ano (com o recálculo do final do ano) deve ficar entre R$ 2,6 e 2,7 milhões mensais. Dá mal para a folha de salários.
Dá até cassação o Executivo avalizar financiamento do Legislativo. E o Executivo não pode descontar prestações de empréstimos da parcela do duodécimo.
Mais não bastasse, o tal prédio que Janad cobra da prefeita não está no Plano Plurianual, na Lei Orçamentária nem na Lei de Diretrizes Orçamentárias. Condições indispensáveis. Não para a Câmara, mas para o Executivo construir um prédio e cedê-lo ao Legislativo.
Já escrevi aqui que Janad precisa urgentemente de uma mão para não ser leviano e observar que fizesse tudo isto conscientemente e com outras intenções.
Hoje, por exemplo, além da grosseria que cometeu com a Chefe do Executivo municipal, cortou um dobrado de inverdades. Se disse honrada em presidir a Câmara no momento em que a Legislatura é composta pelo maior número de vereadores novos e de mulheres nos últimos trinta anos.
Uma leitura muito própria: a Legislatura que se encerrou há vinte anos tinha quatro vereadoras (Mariza Sales, Maria da Balsa, Cirlene Pugliese e Zilneide Avelino). A legislatura eleita 20 anos após, tem outras quatro parlamentares: Solange Duailibe, Laudecy Coimbra, Iolanda Castro e a própria Janadi Valcari.
Não acertou nem a renovação na Câmara: nas eleições de 2012 foram eleitos 14 novos vereadores. Contra os 12 novos vereadores eleitos no ano passado.