A Câmara Gospel de Palmas retoma um novo-velho projeto: a definição de igrejas e templos como serviço essencial na Capital. Os evangélicos são proativos. Não se vê católicos, espíritas, ateus ou que tais querendo regular religião. Deixam-na, regra geral, ao livre arbítrio. Os evangélicos não tem freios. E olha que numericamente são em menor número que os católicos e adeptos de outras religiões na cidade.
As religiões já gozam de imunidade pública, construíram seus templos em imóveis públicos doados, coletam recursos dos fiéis sem pagar impostos e tem isenção de outros tributos. E, na Câmara de Palmas (onde hinos evangélicos tem precedência ao Hino Nacional), já existe há muito a bancada de uma religião que em nada difere de uma corporação empresarial comprovadamente lucrativa. E eleitoralmente exitosa.
Na prática, os templos evangélicos e igrejas já estão abertos seguindo regras sanitárias de distanciamento. O que o vereador Daniel Nascimento (que é pastor evangélico) pretenderia é, deduz-se, tornar isto atividade essencial que os livraria destas mesmas medidas de contenção em um setor que depende de tantos quanto o propaguem e o cultuem para manter-se economicamente. Contrário senso, regulados os cultos, seria o mesmo que proibir-se um posto de combustível de abrir suas bombas.
A Câmara Gospel ignora, é possível inferir, que nos últimos 40 dias foram registrados 4 mil e 100 novos contaminados na Capital e outros 31 óbitos. E que em apenas dez dias de fevereiro já se registrava 34% do número de casos de todo o mês de janeiro. Isto com os templos a meio pau.
Era de se esperar, portanto, que estivessem a defender os seus rebanhos da contaminação das aglomerações. E, consequentemente, ajudando as pessoas a prevenir-se contra o vírus e não incentivá-las a negá-lo. Tudo isto pago com o recurso de todos, independente de religião, num Estado laico.
Já imaginou se os quase 70% da população da cidade que se declaram não evangélicos assumissem o mesmo ativismo regilioso parlamentar bancado pelos cofres públicos!!!!
Não teríamos certamente um Estado republicano e democrático. Mas uma cidade de facções corporativas.
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