Jair Bolsonaro está ensinando parte do país a deixar de raciocinar. O cidadão vê um abacaxi à sua frente, Bolsonaro diz que é um abacate e pronto: tem-se um abacate com cabeça de ananás.

As pesquisas de intenção eleitoral, entretanto, indicam que há luz no fim deste túnel de obscurantismo anacrônico, que, se exercido de forma desconexa, despido de cognição e sustentado por linguagem e retórica tosca, é feito com método.

Não é raro nos círculos das pessoas – indiferente a classe social, raça, cor ou grau de escolaridade - encontrar-se disseminadores de que não se vacinarão e a seus filhos porque vacinas contra o covid-19 causam óbitos. Argumentam informações que lhe são despejadas sem qualquer juízo de valor ou certificação.

Avaliam o resultado das estatísticas (e da ciência) pelo avesso. O número de mortos despencando no planeta após a aplicação dos imunizantes seria demonstrativo da natureza mórbida das vacinas. Ainda que suas avaliações retóricas não modifiquem as propriedades imunizantes do produto, arregimentam fiés como uma seita.

É como se observassem uma manga na sua frente e se acreditasse fosse uma saborosa jaca. Muito embora a vontade não fizesse uma manga deixar sua essência de manga ou a jaca a sua representação de jaca. Com mais um pouco, escovam os dentes no vaso sanitário e defecam na pia, enfiam o garfo no ouvido e o contonete na boca, abrem o fogão e acendem a geladeira.

Desde ontem a gasolina custa 4,5% e o díesel 8% mais caros nas bombas de combustível. Há três anos Jair empurra para o ICMS dos Estados a responsabilidade pelos reajustes que alimentam a inflação. Ela ficou em mais de 10% no ano passado. A maior da década.

O reajuste é o segundo em dois meses após os governadores (com o aval do Confaz) congelarem o ICMS dos combustíveis nos Estados, suspendendo a sistemática do PMPF (que era atualizada a cada duas semanas). O Preço Médio Ponderado ao Consumidor Final (PMPF), ficará congelado até 31 de janeiro de 2022.

Conclusão óbvia: os reajustes dos combustíveis não são determinados pelo ICMS dos governos estaduais. Nada que já  não se tinha conhecimento pelos números. No fundo, o governadores deram corda a que as pessoas observassem a jaca como jaca, manga como manga.

É provável que, ainda assim, muitos não liguem lé com cré afinal aquele que não vê a ciência obviamente descrê da razão. Um revisionismo da civilização universal, três séculos após o Iluminismo reestruturar os princípios das sociedades, com a preponderência da racionalidade (razão) à fé. E seguirão a fazer xixi na pia da cozinha.

Jair certamente está vendo os dois lados. Até mesmo os ganhos dos governos com o reajuste praticado pela Petrobras cujo maior acionista é a União. Ou seja, dependente da política do governo federal. De outro modo: do mesmo Jair.

No Tocantins, nada a se queixar. Enquanto a arrecadação de todas as receitas tributárias no Estado teve um crescimento de 26,95% em 2021, em relação a 2020 (R$ 4,736 bilhões/R$ 3,731 bilhões) as receitas do ICMS dos combustíveis aumentaram 43,32% no mesmo período (R$ 1,3 bilhões/R$ 907 milhões).

É o caroço da jaca!! E a casca da manga.

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