A declaração atribuída ao ex-governador Marcelo Miranda pelo Portal CT (e não há por que duvidar-se de sua veracidade) de decisão por disputar um cargo no Legislativo estadual, abrindo mão de campanha pelo Governo ou Senado, aumenta-lhe substância.
Contrariamente ao vazio do senso comum que não vê crescimento no retrocesso, ainda que represente iniciar-se novamente no processo político, somatório de elementos racionais. Está certo que Marcelo não é nenhum leninista, mas a teoria marxista coube-lhe bem nas circunstâncias empurrando-lhe à decisão do recuo tático.
O MDB vem de tentar superar a perda do seu mais substancioso formulador, o ex-deputado (foi presidente da Assembléia Legislativa de Goiás e do MDB goiano) e ex-secretário Brito Miranda, maior pensador do partido.
Marcelo não ficou órfão apenas da figura paterna. Mesmo presidindo o MDB falta-lhe algo e arriscar o definhamento de sua força política sem mandato não é prenúncio de melhores dias, sujeitando, por gravidade, a igual pressão, o ativo da deputada federal Dulce Miranda, disputando uma reeleição na Câmara dos Deputados.
Na composição anunciada com Ronaldo Dimas/Dorinha aumenta-lhe as chances de manter o mandato de Dulce (com liberação de mais colégios eleitorais do grupo à parlamentar) e sair com votação histórica para deputado estadual, com a votação “majoritária” de vencedor de três eleições para governador no Estado.
E, de quebra, aumentar o número de deputados estaduais no Legislativo. Hoje o MDB tem apenas um parlamentar no Legislativo estadual, dissecado que foi pelo Republicanos do governador Wanderlei Barbosa.
Com a projetada votação de Marcelo, pode o partido fazer uma bancada considerável no próximo ano, dado que a proibição de coligações proporcionais favorece as siglas que conseguirem maior votação na legenda (dividida pelo coeficiente eleitoral).
Marcelo, tudo concorre, pode transferir para a proporcional parte dos estimados 30% dos votos que o MDB tem mantido no Estado.
E, assim, dar a volta por cima. Agora só pelos seus próprios méritos.