Empresários de Palmas programam manifestação contra as medidas restritivas tomadas pela prefeitura da Capital, município e escolas privadas suspendem aulas, governo reabre ano letivo nos estabelecimentos públicos e reivindica do governo federal mais recursos financeiros para a pandemia.

O Ministério da Saúde promete 230 mil doses de vacina para uma população de 1 milhão e 572  mil pessoas. Quando por aqui, das 106 mil já recebidas, apenas 69 mil foram distribuídas e, para espanto geral, somente 37.314 tinham sido aplicadas até ontem. Foram aplicadas apenas 35% das vacinas em 35 dias. Descontrole e falta de liderança e compromisso total com a saúde pública.

Essa disrupção de fatores diversos quebra a ilustração posta por determinados setores do poder público e parcela da sociedade política (e civil) fundamentada numa abstração: a crise pandêmica no Estado não seria subordinada ao caos nacional e planetário pela simples vontade política da liderança. Não haveria necessidade, portanto, de ações urgentes e adicionais além da burocracia já existente.

Esperou-se a instalação do colapso nos hospitais da Capital (que ontem tinha ocupação de 100% na rede pública e privada) e a única providência que se tem, até agora, é a solicitação de vacinas e de dinheiro ao governo federal. Quando na Capital já são 27 mil os contaminados (9% da população) - 7.843 contaminados por 100 mil habitantes -  e 258 óbitos.  Isto para 55 UTIs  colapsadas e 74 leitos clínicos para Covid-19 na Capital.

De 1.485 vítimas fatais no Estado e 110  mil contaminados (6.997 contaminados/100 mil) sendo que 8.656 encontram-se em isolamento com 290 hospitalizados. Destes, 154 em UTIs. Mais que prenúncio de caos no Estado, já é  o próprio caos. Para apenas 232 leitos clínicos Covid e 143 UTIs (públicas e privadas).

 A maioria só contratada cinco  meses após o primeiro óbito no Estado. Num ano em que apenas em função da Covid o governo federal repassou ao Estado R$ 868 milhões em sete meses de 2020. O Estado (conforme o Instituto Fiscal do Senado) recebeu R$ 342 milhões a mais que as perdas de arrecadação e transferências.

A comprovação está no balanço de 2020 publicado.Tinha previsão de uma receita corrente de R$ 8,462 bilhões no orçamento e fechou 2020 com receitas correntes de R$ 9,450 bilhões. Ou: R$ 988 milhões a mais que o esperado. De outro modo: grana não faltou ainda que o governo tivesse herdado passivos de governos anteriores.

 É indiscutível que a pandemia tem sido subestimada. Não só no Estado e nem só pelo poder público com sua reação burocratizada. No Tocantins o índice de isolamento social mantinha-se ontem como o pior do país: 29,3%. Enquanto em outros Estados governadores decretam lookdown, no Tocantins 1,1 milhão de pessoas (70,7%)desprezavam as recomendações da Organização Mundial de Saúde. E pediam normalidade no comércio.

Não fora uma confissão da própria incompetência pública, a população bem que poderia ser apresentada à fórmula decretada ontem por um prefeito de Goiás: "vocês vão fazendo a sua parte, com festas e aglomerações, sem respeitar o isolamento, que eu faço a minha: vou cavando covas no cemitério."

Como escreveu Spinoza: nenhum pacto pode ter força senão pela razão de ser útil.

 

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