A história haverá um dia de anotar, com maior propriedade, a relevância do papel desempenhado por Brito Miranda não só em Goiás como na criação do próprio Estado do Tocantins. E que supera aquilo que se poderia inferir de presentes fatos circunstanciais.

Sem a atuação do advogado Miranda (então presidente da Assembléia Legislativa de Goiás) e do médico Henrique Santillo (governador do Estado) não se construiria certamente a unanimidade parlamentar no Legislativo goiano que cumprisse a obrigação imposta pelos constituintes necessária à tramitação da proposta no Congresso e à aprovação da  criação de uma nova unidade federativa.

Exigência colocada justamente para inviabilizar a criação de outros novos Estados como o do Triangulo (divisão de Minas Gerais), Tapajós (Pará) ou Maranhão do Sul (Maranhão). Todos barrados pela falta de unanimidade dos parlamentares. Sem ela, a proposta sequer tramitaria.

Apesar de ter pleno entendimento do seu papel, Brito afastou-se dos fatos, abrindo espaço para que outros atores figurassem como protagonistas, no que, se demonstrou condescendência com aliados políticos, cometeu um erro com a história, dando endosso a narrativas com ela dissonantes.

Brito hoje contava histórias fantásticas de sua trajetória, desde Pedro Afonso, passando pelo Seminário São José (Porto Nacional) até Goiânia onde terminaria seus estudos. E começaria sua vida política.

Dizia-me que havia sido corrompido nos ideais por Siqueira Campos, ele um pessedista hstórico e Siqueira um udenista convicto. Um exagero retórico (e até um deslize filosófico), evidentemente porque, por mais que tivesse suas diferenças com o ex-governador, não era dado a cultivar rancores nem mágoas.

E foi-lhe benéfico aliar-se circunstancialmente ao conservadorismo de Siqueira, negando suas raízes pessedistas mas assumindo o comando do Estado, primeiro como secretário (dominando o governo por dentro) e depois com o filho governador.

Havíamos combinado há pouco mais de três meses que, passada a pandemia de que se resguardava em uma propriedade rural, iríamos entabular uma entrevista que seria embrião de um livro sobre sua história. Conversações que afunilávamos há mais de dois anos.

Não deu tempo: Miranda nos deixou no Natal.

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