O prefeito de Axixá, Auri-Wulange, não se pode negar-lhe êxito no proveito de oportunidade que lhe foi concedida de graça pelo Palácio Araguaia: não ser chamado para o anúncio do anel viário.
Muito embora ele próprio não tenha saído contra o ex-governador Mauro Carlesse (de quem era aliado) na interdição da ponte de Porto Nacional sem o “convite” do então prefeito Joaquim Maia.
Para maximizar o apoio da oposição ao Palácio que convergiu para o seu “não convite” fez uma firula com Wanderlei: convidou o Chefe do Executivo estadual para discutir questões regionais como Amazônia, Projeto Sampaio e que tais.
Uma plataforma estadual e não municipal!
Assim como a ponte de Porto, o anel refere-se a uma rodovia estadual. E não municipal.
Mas Auri, sabe como é nestes casos, quer ser deputado a partir das questoes da cidade projetando-as politicamente no Estado como decorrentes do governo a que se opõe.
Nem que o objeto da cobrança esteja inserido no curso dos sentidos e afetos do não-convite. Inferior ao benefício à população consequente do anel anunciado sem o prefeito.
Ou seja, o não convite teria maior dimensão do que a obra. Um achado que diz bem da crítica e das finalidades.
E agora, tudo indica, engrossou o seu palanque bolsonarista onde já estão, por ele próprio declarado, o senador Eduardo Gomes e a senadora Dorinha Seabra. Uma salada partidária majoritária bem ao gosto do prefeito.
Obviamente que lá, como cá, os poderes deveriam relacionar-se institucionalmente.
Não foi o caso não só de Wanderlei aqui, mas de Auri e Mauro Carlesse, lá.
No popular: Auri tentou agora amplificar uma disputa paroquial (ganhou pelo UB a eleição de uma candidata do Republicanos) com o impulso de Wanderlei agindo pelo fígado.
Como é óbvio, Auri agiu sabendo do resultado. Não se mantém como liderança do Bico, administrando uma cidade de 10 mil habitantes por acaso.
Desta feita, teve defesa até da ex-senadora Kátia Abreu, que ele traiu escandalosamente em 2017 quando disse que não apoiava a "Dinda" dentre outros motivos:
"O que assistimos foi uma ministra envaidecida com o cargo, viajando o mundo e esquecendo dos problemas do Estado que hoje ela tanto critica". Balela, pura leviandade. Os recursos viabilizados por Kátia no Ministério são conhecidos.
E porque isto: porque Kátia conseguiu reunir a maioria dos prefeitos do Bico numa associação para conseguir recursos. E ele encabeçava uma associação no mesmo Bico de apoio a Eduardo Siqueira.
Já tinha dito em 2013 ao deixar o PSD (depois de eleito pelo partido) sobre Kátia "não tem moral para falar em fidelidade partidária ou pedir o mandato de quem quer seja por isso". "Porque o maior exemplo de infidelidade no partido vem dela mesma, que tentou trocar o PSD pelo PMDB, mas não foi aceita lá".
Outra mentira. Kátia filiou-se ao PMDB com o apoio do PSD nacional e do PMDB nacional. A Executiva nacional do MDB assim interviu no partido no Estado. Articulação de Michel Temer e Gilberto Kassab.
A finalidade era viabilizar a candidatura de Marcelo na suposição de que Junior Coimbra (então presidente regional) estivesse levando o partido para apoio a Siqueira Campos. E estava mesmo.
Barco onde Auri queria embarcar.
E por que: para apoiar a pré-candidatura de Eduardo Siqueira ao governo. E que terminou não se viabilizando, mesmo com a dupla renuncia de Siqueira e João Oliveira, sem o consentimento do partido que era presidido justamente por Kátia.
Kátia defende o institucional. Auri interessa-se por ele apenas circunstancialmente, como se deduz.
No que interessa à população, Auri que foi eleito (reeleito no ano passado) várias vezes na cidade, mantém o município descumprindo a Lei de Responsabilidade Fiscal (gastou em 2024 o índice de 62,84% das receitas com salários (R$ 56 milhões de R$ 90 milhões orçamentários) quando o máximo é 54%,
O município sobrevive das transferências (R$ 84,2 milhões no orçamento deste ano). Com uma população de pouco mais de 10 mil moradores (semelhante a Xambioá) tem um orçamento deste de R$ 90 milhões, contra os R$ 60 milhões, distante 122 km do vizinho.
Uma cidade onde 84% dos moradores vivem em situação de pobreza e outros 56% em pobreza absoluta.
Mas tem dotação orçamentária municipal este ano (fora o Fundeb) de R$ 8,1 milhões para a Educação. E R$ 13,7 milhões para obras.