Os sete deputados estaduais e o vice-governador Wanderlei Barbosa, deixando de lado qualquer pejo, publicaram ontem, sábado, quando Porto Nacional registrava 128 óbitos (sem UTIs) e três pacientes na fila de espera dos leitos clínicos de uma lista de oito aguardando leitos em todo o Estado (mais que os dois de Palmas) enquanto a Saúde informava já em funcionamento mais 10 UTIs em Gurupi (agora são 36) isto aqui:

“O trabalho intenso dos parlamentares filhos de Porto Nacional – Antonio Andrade (PTB), presidente da Assembleia; Cleiton Cardoso (PTC). 1º vice-presidente; Leo Barbosa (SD), 2º vice-presidente; Valdemar Júnior (MDB), 2º Secretário; Nilton Franco (MDB); Ricardo Ayres (PSB) e Júnior Geo (PROS) - e do vice-governador Vanderlei Barbosa, resultou na ação do Governo do Estado que disponibilizará dez UTIs Covid até o próximo dia 10 no Hospítal Regional da cidade.”

Nesta páscoa (que celebram católicos e evangélicos na cidade/equivaleriam a 32 mil dos 40 mil eleitores) a mensagem busca um efeito ligeiro para causa complexa. Senão vejamos os fatos relevantes na semana que encerrou na malhação de Judas Iscariotes: É óbvio que administrar uma pandemia que já matou 2.101 pessoas no Estad não é coisa fácil, ainda que com expedientes racionais. Com passionalidades e irracionalidades, imagina o estrago que o gestor público pode causar. Não só nas instituições, mas nas pessoas. 

Na Secretaria de Saúde:

  1. a amplificação nas redes sociais de denúncia de uma enfermeira de Porto Nacional de que teria sido afastada de suas atividades porque teria exposto nos grupos de watsApp sua Via-Sacra por 17 dias no Hospital Regional (em que trabalhava) em busca de uma UTI Covid-19 para o pai, o também enfermeiro (concursado há mais de 30 anos) e que foi a óbito sem atendimento.
  2.  Edilene Gonzaga, a enfermeira, diz que tirou licença (uma permissão legal) para acompanhar o pai com Covid e, quando retornou (depois do óbito do pai), fora retirada da escala. Uma retaliação explícita e burra, caso confirmada a motivação e de difícil reputação dado a rasteira política local.
  3. Na semana, servidores da Saúde na Capital também foram a público contra demissões e cortes de gratificações (e até de insalubridade) por fazerem trabalho remoto. Determinado, lógico, pelo governo. Em plena pandemia que sugere a necessidade de aumento de pessoal e não redução.
  4. O Secretário de Saúde justificou que as demissões e cortes representariam uma economia de R$ 3,9 milhões. E soltou uma pérola: os 39 em trabalho remoto ou de licença (comorbidades, idosos...) seria substituídos por novos contratados (obviamente não idosos, com comorbidades...). Eugenia perde longe.

No Governo:

Dias depois de anunciar que teria determinado mais 10 UTIs para o Hospital Regional de Gurupi (enquanto o de Porto Nacional não tem um sequer), o governo as implantou naquela cidade. Já estão contabilizadas e ocupadas pelo que vai no Integrasaúde deste domingo. São 36 agora lá e zero em Porto.

O Secretário de Saúde informou na quinta ao deputado Valdemar Junior (um dos sete deputados estaduais de Porto Nacional, que até o dia 10 (próximo sábado) instalará 10 UTIs Covid em Porto. Publiquei a boa nova ontem, sexta.

Como estas UTIs a serem instaladas são, com pouca margem de erro, aquelas conseguidas no MS pelo deputado federal Vicente Junior, no dia 5 de março de 2021, tem-se aí três dias para implantar-se mais dez leitos em Gurupi e , considerando a previsão do Secretário para Porto (10 de abril) seriam 35 dias a régua da prioridade entre uma e outra cidade.

Sem prejuizo da avaliação de uso político inadequado dos deputados ao anúnciá-las como suas (e não do govenro federal), que quedaram inertes desde o início da pandemia. E mais especificamente, desde 27 de agosto quando Mauro Carlesse prometeu as UTIs no programa Midrofone Verdade, da Rádio Porto FM, tida como de propriedade da familia de Antônio Andrade.

Volto:

O leitor é testemunha de que já demonstrei aqui, ainda que a maioria dos deputados e sabujos que cercam o governador (exceção ao núcleo central) leiam o contrário,  que Mauro Carlesse é, desde 2002 (seis Chefes de Executivo estaduais ficaram para trás). Do ponto de vista fiscal, arrecadatório (sem elevar impostos) e administrativo. Mas isto não significa um salvo-conduto para os equívocos do seu governo.

A Saúde é dividida por regionais. Isto para otimizar a administração. Só para se ter uma idéia, Gurupi (que já tem 36 UTIs) atende (por essa régua) um total de 18 municípios. Porto (dos sem UTIs), no seu Hospital Regional (com o curioso nome de Saúde Amor Perfeito) recebe pacientes de 13 cidades. Sem UTIs.

Em Porto Nacional, o Hospital Regional é comandado há quase duas décadas pelos políticos locais. E politicamente naõ poderia ser diferente. O problema é o mau uso (e ilegítimo) disso. O mais longevo deles, o deputado Antônio Andrade (presidente do Legilativo estadual).

Quando o vice-governador Wanderlei Barbosa (que já foi vereador em Porto e sub-prefeito de Taquaruçu então distrito da cidade) ainda estava na Câmara de Palmas, Antônio Andrade já nomeava contratados e diretores do HRP. E aumentou sua influência em todos os governos, seja siqueirista ou emedebista.  De Siqueira a Marcelo, passando por Sandoval, Gaguim e agora Carlesse.

De outro modo: teria apoio da população para impor sua representação nas UTIs e, evidentemente, não deixar o diretor que teria indicado demitir a filha de um enfermeiro concursado que foi a óbito naquele Hospital enquanto aguardava uma UTI que não veio.

Note-se que além dos óbitos, a população já sofre no desemprego. E a Saúde demitindo especialmente aqueles mais fragilizados. Na contramão do governo que, muito apropriadamente (na vedação de contratações) já entregou um milhão de cestas básicas a pessoas vulneráveis. (compra por R$ 62,50 a cesta/R$ 62,5 milhões).

E setores do governo (e dos deputados) enxergando nos apontamentos viés oposicionista. Uma piada.

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