O meu primeiro artigo em jornal impresso remonta à segunda metade da década de 70 no Folha de Goiaz (um diário), dos Diários Associados, de Assis Chateaubriand que, com seus jornais, rádios e a TV Tupi, exercitava jornalismo e empreendedorismo simultaneamente. Ou: defendia determinadas ações da ditadura para poder fazer jornalismo. E vice-versa. Era um modo de sobrevivência. Dele e do jornalista que era. E de muitos empregos.

Ali, próximo dos anos 80 quando o país sobrevivia a uma ebulição. João Figueiredo assumira a presidência de Ernesto Geisel preferindo o cheiro de cavalos ao de gente, mas seguira a abertura lenta e gradual defendida pelo ex. O então deputado federal goiano, Siqueira Campos, mais tarde governador do Tocantins, voava em céu de brigadeiro.

Ainda que os cavalos e os milicos continuassem, seguindo as orientações emanadas de Brasília pelo General Newton Cruz, a rondar a Faculdade de Direito da Universidade Federal de Goiás (onde eu estudava), na Praça Universitária, a poucos metros da sede dos Diários Associados.

Não se podia, como hoje, defender livremente pontos de vista. Escrevíamos e o jornal os publicava se quisesse. Um texto ou uma poesia que fosse. Sempre haveria o risco de um revisor a alertar nas madrugadas frias: isto aqui está comunista demais.

Era apenas revisor de jornal. Aquele profissional que varava a madrugada corrigindo o jornal que os jornalistas escreviam, que circularia no dia seguinte, pagava mensalidade no Sindicato dos Jornalistas, tinha registro mas não era considerado jornalista. Uma época em que já se discutia que a televisão substituiria o jornal impresso.

Anos em que não havia internet, cópias eram feitas em carbono ou mimeógrafo a tinta, nem telefax. Só telex. O jornal impresso resistiu a tudo isso.

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