Léo Pinheiro (que nos próximos dias traz seu novo show ao Estado) propõe (e provoca) no seu Bar do Balacobaco um quadro de linguagem e de doação dos sentidos até o limite das proposições e das coisas. Perceptível não só por aqueles que o presenciaram, ao vivo, no Teatro Cesgranrio (Rio de Janeiro), na semana passada, como nos retalhos do show acessíveis a qualquer um nas redes sociais.
Expande-se das coxias até a boca de cena um artista lapidado, com domínio de palco, de instrumento e voz. Um repertório cuidadosamente trabalhado (com parceiros constantes) e meticulosamente preenchido por arranjos inescapáveis que formam um conjunto harmônico visão/audição/composição/gesto.
Poderia, por certo, propor Léo Pinheiro apenas o sentido da dualidade que opõe as coisas e as proposições, os substantivos e os verbos, a sua aldeia, e já teria erguido uma obra considerável, a exemplo de Genésio Tocantins, Juraíldes da Cruz, Braguinha Barroso, Dorivã e Lucimar, destaques nacionais do Estado no segmento MPB/pop/regional.
Mas, não. Bar do Balacobaco deixa o lirismo de Léo Pinheiro ao vivo em casa (Canal Brasil) e toma emprestado o prosaísmo de Tim Maia, Alejandro Sanz e Arnaud Rodrigues (que já tinha cantado em CD), com uma pitada de Osvaldo Montenegro, mistura isto tudo com o gatilho de sua destacada participação no The Voice Brasil, a expertise teatral do gesto (do teatro e do cinema onde também atuou), e tem-se um artista quase completo.
Pronto para a lúdica Volta ao mundo de bicicleta (Léo Pinheiro/Genésio Tocantins/Tião Pinheiro), mais recente composição do cantor/ator a propor o sentido universal de sua ação/reação musical e poética.