O método não é novo. As circunstâncias é que são outras. Provocou reações nas redes a divulgação, pelo marketing da pré-candidata Janad Valcari, esta semana, de “card” divulgando que estariam autorizados R$ 1 milhão da parlamentar para a saúde pública na Capital.

Já apontei aqui os desvios éticos dos publicitários da parlamentar. Mas devem seguir que os fins justificariam os meios. Uma distorção moral. Os meios, na verdade, qualificam os fins. No popular: o tapetão desonra a vitória. A estratégia é ultrapassada.

Se é elogiável a intenção da deputada (seja por emendas ou requerimentos), é indiscutível que a autorização dos recursos não dependeria tão somente de sua vontade imediata. 

Se há a mediação de outra esfera, sua vontade não teria a concretude da representação dos recursos. No muito, consistiria na representação de sua vontade apenas. A autorização requereria uma outra força mediata.

Assim, portanto, o "card"  não estaria longe de um fake-news. E estes são proibidos pela legislação e são objeto de combate este ano pelo TSE.

Não é uma avaliação política. E sim de fato e de direito. Antes se fazia uso de tal expediente e não acontecia nada. Agora, não mais!!

A questão deveria provocar reflexão da sociedade política. Há cidade em que deputados publicam cartazes que conseguiram milhões de reais para municípios, quando os recursos são de competência do Executivo. E tudo fica por isto mesmo.

É a tal “maldade desinteressada” ou a “simpatia malévola”, como escrevia Spinoza.

Só para se ter uma idéia do que isto representa: os deputados fizeram no ano passado (2023) 2 mil e 51 requerimentos de obras e benefícios para a população. Mais pedidos do que os 1 mil e 300 que solicitaram em 2022.

Levado na linguagem e métrica dos publicitários de Janad Valcari, em dois anos os deputados teriam levado 2 mil e 351 obras aos municípios.

Cada um dos prefeitos dos 139 municípios teriam recebido 17 obras dos 24 deputados em 24 meses.

Um desgaste desnecessário à deputada, posto confrontada com os números estaria no mínimo falseando a informação.

O problema é que hoje, depois de tanta prova e contraprova, há ainda eleitores que veem em Jair Bolsonaro um messias.

E que quem tramava um golpe militar no país era Lula, o presidente eleito, um civil que, na tese, havia preparado um golpe no seu próprio governo após ter sido escolhido democraticamente pelo voto para ser presidente pela maioria do eleitorado brasilieiro.

Ou seja, a questão não está apenas em Janad. Ela apenas a representa e materializa no seu marketing de campanha.

Pode novamente dar certo? Pode! Mas também corre o risco de dar chabu e a estratégia ser engolida pelo cadafalso de Bolsonaro, a maior liderança do PL, partido da deputada.

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1 Comentário(s)

  • LUSIMAR MORAIS
    17/03/2024

    Já comentei aqui nesse espaço que a suposta candidata não fez outra coisa durante o tempo do mandato de vereadora e continuou a fazer desde o primeiro dia de mandato de deputada, campanha política explícita, tendo como principal meio a inundação das redes sociais pra com denúncias vazias e sem fundamento, ora com falsas promessas como está noticiada na data de hoje

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