A aliança política e administrativa selada no encontro entre o governador Mauro Carlesse e a prefeita da Capital, Cínthia Ribeiro, na terça, que se tentou não divulgar ao máximo, deve ser tomada como ambos firmaram: aliança política e administrativa.
Como as palavras tem sentido, importa em trabalho conjunto não só em função do governo e da prefeitura, mas de projetos políticos a um ano e meio das eleições estaduais. E sem problemas partidários para ambos, em função da formação de chapas nacionais dada a inexistência de obrigação da verticalização no país.
Cinthia tem dito a seus interlocutores próximos que não se candidatará em 2022 (tem mandato até 2024) e Mauro Carlesse é candidato ao Senado e, no momento, o Palácio teria como candidato ao governo o vice Wanderlei Barbosa.
Carlesse estaria firmando que Cínthia interessa-lhe e a Cínthia seria o projeto de Carlesse mais producente e produtivo para a cidade que administrará por mais quatro anos com implicações no seu projeto político e no de seu grupo partidário. Ambos, assim, estão informando que seguirão não só do mesmo lado, mas um ao lado do outro..
A forma como foi construída a parceria não concede licença para elocubrações de que para Carlesse e Cínthia ambos tivessem se aliado não porque se considerassem bons (e isto os completassem), mas por que se achassem não maus para a Capítal e o Estado, ou para os dois. O que implicaria numa aliança meramente administrativa circunstancial. A ver.se prevalece o juizo verdadeiro ou o falso.
Haverá, com efeito, desdobramentos políticos. Até então, quando aventava-se a possibilidade de Cínthia aproximar-se de Carlesse o elemento de intersecção apontado era idubitavelmente o senador Eduardo Gomes. Pela lógica do pêndulo, o Senador era o dono das circunstâncias, hora e modo.
O susto do impeachment talvez tenha retirado Cinthia da inércia política e coube a seu secretário de Governo, Rogério Ramos, construir a ponte do entendimento, tanto administrativo quanto político. A filiação de Ramos, coordenador político de Cinthía, ao PSL, partido do governador, é, assim, indiscutivelmente, o selo indefectível da aliança.
De outro modo, ainda que aliados (e amigos), Cínthia livrou Gomes do encargo, cada dia mais difícil em função da pressão do calendário eleitoral e das oscilações partidárias, do mesmo modo em que livrou-se da dependência do Senador para movimentos políticos.