Os vereadores rejeitaram a criação de mais  um órgão público na Prefeitura de Palmas.  Significa  uma derrota, ainda que momentânea, do prefeito. E uma vitória do bom senso. Não se deve, entretanto, enxergá-la como um sinal de independência dos parlamentares da base governista e isto está muito bem nítido nas palavras de um vereador do PMDB, justificando o veto ao pacote de Amastha como sendo produto da ‘falta  de carinho” que o prefeito tem imposto na sua relação com o parlamento. Conclusão óbvia: se Amastha amaciar, passar a mão ou apalpar de  jeito suas excelências, satisfazendo-lhes o ego e outros compartimentos, pode navegar à vontade nas suas idiossincrasias. Bananas para a população.

Seria de se referenciar fosse a decisão dos vereadores fundada em argumentos mais que óbvios acerca da completa falta de necessidade de  mais  um cabide de empregos (ou um ralo para escorrer parcos recursos públicos) num momento de crise econômica. Ou mesmo na defesa das prerrogativas inalienáveis de suas excelências a quedarem-se  pusilânimes diante de tentativas do Executivo de subtrair-lhes competências delegadas pelos eleitores. Diminui-lhes, antes, a quase envergonhada justificativa por um afago que lhes escapa, dando à ação oponente ao projeto do prefeito, um mero  movimento na direção da compaixão que, bem sucedida, trará de volta o status quo anterior, submergindo a independência que intentam, com o ato, realçar.


Há, evidente, de outro modo,  parlamentares tratando a sério os números do Executivo. E eles indicam que, mantido o referencial, é questão de tempo para que o Paço tenha que enfrentar dificuldades orçamentárias. Ora, se a Prefeitura até maio já estava acima do limite prudencial de gastos com pessoal (R$ 294 milhões e 499 mil/51,31% contra um limite de 51,30%/R$294 milhões e 456 mil), com uma folha de pagamento beirando os R$ 23 milhões (aumentada logo no início da administração com o reajuste nos cargos em comissão), que justificativa teria o Executivo para aumentar estes custos (custeio e pessoal) com a criação de uma agência de águas quando o setor está muito bem atendido até aqui pela companhia de saneamento?


É  uma questão que se encaixa apenas no formato administrativo de atual gestão mas pode,a curto prazo, transformar-se num abacaxi enorme a que a população será chamada a descascar, na socialização do prejuízo. Algo que certamente pode vir a acontecer com a aprovação dessa agência das águas (o projeto certamente voltará à Câmara,depois dos carinhos), cujo fim específico muito claro é a prenhez de uma companhia de saneamento municipal (lembre-se do que se aprontou para dar o aval ao empréstimo de R$ 240 milhões da Saneatins com a Caixa e as ameaças de cancelamento da concessão), numa capital cujo orçamento beira os R$ 800 milhões e que já possui uma dívida consolidada de R$ 103 milhões. E ai,lógico,viriam mais endividamento para investimentos em sistema de tratamento de água e esgoto. Com a contratação de mais pessoal para administrar essa estrovenga municipal.

É o mesmo que se dá na questão da contratação da empresa de coleta de lixo.Veja que a prefeitura contratou a Terra Clean por R$ 1 milhão e 151 mil/mês, mesmo valor que desembolsava à Litucera. Só que a Litucera, por exemplo, bancava as marmitinhas dos garis. A Terra Clean, como se vê, assim não o fará,  já que a prefeitura contratou, sem licitação, como se nota,  uma empresa para fornecer marmitinhas aos varredores de ruas por R$ 1 milhão e 377 mil. Ou seja, a diferença do preço da Terra Clean para Litucera, no novo contrato.

Aliás, situação semelhante ocorreu com a Delta e essa mesma Litucera na administração do ex-prefeito Raul Filho. A Delta venceu a licitação por um preço bastante inferior ao da Litucera. Entretanto, já nos primeiros meses, por intermédio de aditivos, a prefeitura dobrava, chegando a triplicá-lo em um ano, o valor pago à empresa vencedora da licitação. Hoje, diante dos questionamentos que se faz a aditivos, a prefeitura  inovou: resolveu bancar a alimentação dos garis, pelo que aparenta, oficializando o duto.
 

Isto tudo aí forneceria, por certo, argumentos racionais a rodo para que os parlamentares desempenhassem o seu papel. Sem a necessidade de se posicionarem a sorrelfa, na perspectiva de que os fatos não falassem por si só e que a eles a população já não estivesse atenta. O  prefeito, dado o sensível encaminhamento da rejeição a seu projeto na Câmara, já deve estar pensando em como "apalpar a égua".

Deixe seu comentário:

Dando continuidade às vistorias nas unidades de saúde pública de Palmas, nesta quarta-feira, 19, promotores de Justiça e servidores do Ministério Público do Tocantins, aco...

As unidades do Judiciário de Araguaína estão em fase de mudança para o novo Fórum da cidade, mas algumas já iniciaram suas atividades. A Vara de Violência Doméstica, o Jui...

O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, finalizou mais um curso para os funcionários da fazenda Dois Rios em Lagoa da confusão. Dessa vez a instrutora do SENAR Adeuma Bo...