O deputado Arthur Lira visitou nesta segunda o governador Mauro Carlesse. O encontro foi no Palácio Araguaia. Lira roda o país atrás de votos dos deputados federais para eleger-se presidente da Câmara dos Deputados. Depois do Tocantins iria a Goiás.
Divulgou-se a visita como de cortesia o que dava à captação de votos uma ação subjacente e circunstancial quando não haveria outro motivo que não convencer o Chefe do Executivo estadual a manejar a bancada de congressista em favor do apelo bolsonariano.
Do encontro participaram apenas os deputados Carlos Gaguim (Democratas) e Eli Borges (Solidariedade). O Democratas fechou em nível nacional (com mais onze partidos) apoio a Baleia Rossi (MDB).
O Solidariedade (de Eli) acertou-se (com mais sete partidos) com Lira (PP). Isto faz com que Carlos Gaguim tenha sido no Estado a primeira traição ao acordo do Democratas, partido presidido regionalmente pela deputada federal Dorinha Seabra,aliada incondicional de Maia e, portanto, de Rossi.
Não seria o primeiro desencontro entre Gaguim e Dorinha. O voto na Câmara é secreto mas não precisaria ir muito longe para deduzir-se apoios. O governador Mauro Carlesse foi convencido por Gaguim a ir para o Democratas com a promessa de comandar o partido, retirando-o de Dorinha. Deu errado.
Se prevalecesse os acordos dos partidos (sem traições) Baleia Rossi e Arthur Lira sairiam empatados na bancada do Estado: Célio Moura (PT), Dulce Miranda (MDB), Dorinha Seabra (Democratas) e Carlos Gaguim (Democratas) com Baleia.
E Tiago Dimas (Solidariedade), Vicente Junior (PR), Eli Borges (Solidariedade) e Osires Damaso (PSC) seguiriam com Lira pelos acordos partidário. Mas aí Carlos Gaguim, tudo indica, atravessou, ainda que não tenha hoje declarado apoio a Lira.
Arthur Lira repetiu em Palmas o discurso que tem feito pelos Estados. As circunstâncias entregaram-lhe hoje um ativo: as demissões e contratações recentes de Maia, a quinze dias de deixar o cargo, tratadas como fisiologismo pelo candidato do PP. Um presentão que Maia deu ao deputado alagoano nesta segunda.
Não deixou Lira de amplificar, entretanto, inverdades: questionado, disse na Capital que Rodrigo Maia havia arquivado todos os pedidos de impeachment de Jair Bolsonaro que tramitam na Câmara, quando não é verdade. Rodrigo Maia simplesmente se esquivou de colocá-los em pauta. Arquivo ou a pauta, agora, dependerá do novo presidente que pode vir a ser até Lira.
Disse que manterá independência em relação ao Palácio do Planalto mas que não se furtará em negociar com a Presidência pauta de assuntos de interesse do país. Disse da prioridade da reforma administrativa e tributária e defendeu o Centrão. "O cargo de presidente não pode ser maior que o Parlamento", ensinou o deputado que era lembrado na semana passada pelo Estadão das ações penais que enfrenta no Supremo Tribunal Federal candidato à presidência da Câmara dos Deputados.