O Brasil registrou ontem 2600 mortes pelo Covid-19 em 24 horas. Já são (até daqui a pouco) 307.326 vítimas fatais no país. Os governadores se agrupam e determinam lockdown nos seus Estados. Com uma média diária de 20 óbitos, o Tocantins deve fechar o final de semana com 2 mil mortos. 

É uma conta que empurrou o governo a integrar o Comitê Nacional de Enfrentamento da Pandemia ( o vice Wanderlei Barbosa participou ontem de reunião de governadores com o novo ministro da Saúde).

O governo estadual amplifica em campanhas a necessidade do isolamento social. Uma reação ao negacionismo obscurantista do presidente Jair Bolsonaro que recebeu dias atrás nas redes sociais solidariedade e defesa do ex-governador Siqueira Campos.

Siqueira (que vai completar 93 anos em agosto) se alinhou, na intenção e gesto, na semana a um youtuber (condenado por homicídio) bolsonarista que consumiu  os últimos dias na Capital empurrando pessoas à morte com a defesa de abertura total da cidade e contra o distanciamento social determinado pela prefeitura de Palmas que Siqueira criou. 

Ou seja, em tese, criador levantando-se  contra o pertencimento saudável da criatura dada a confluência e intersecção do lado que escolheu. Ainda que não estivesse fisicamente trombeteando o liberou geral do youtuber, nos princípios bolsonaristas se aninharam como de fato se alinham nos dias de hoje os defensores do golpe militar na democracia. Tão conflitante como divisionista em relação à orientação do governo atual em favor do distanciamento social e das regras democráticas.

Se o youtuber é Bolsonaro por ignorância, Siqueira o apóia certamente por convicção, comprovando que pensamentos arbitrários não tem idade. Aliás, Siqueira Campos é na velhice coerente com  sua juventude. Um ponto positivo à sua personalidade e princípios mas que nega a democracia e as liberdades democráticas.

A defesa pública de Jair Bolsonaro, que defende publicamente um golpe no país com o fechamento do Supremo Tribunal Federal e do Congresso (e tem armado a população) expôs de Siqueira a sua face real que nos quatro mandatos no governo do Estado teve que falsear, ora um estadista (homem de Estado), noutras com fúria arrebatadora e ora um paizão populista ainda hoje venerado pelo que aparentava à frente daquele que de fato era por dentro. Uma dívida com seus confrades e seguidores (a exemplos dos bolsonaristas com bolsonaro) que parece impagável como na Sicília italiana.

E não por falta de registros: o golpe que Bolsonaro quer dar no país não difere do golpe que os tenentes do Forte de Copacabana tentaram aplicar no Brasil  para derrubar um presidente (Arthur Bernardes) eleito pelo voto democrático (Nilo Peçanha que era apoiado pelos militares perdeu a eleição). No caso de Bolsonaro, um auto-golpe.

Com o argumento do anti-comunismo Getúlio Vargas implantou uma ditadura (Estado Novo) e outro tenente, Luis Carlos Prestes, tentou derrubar o governo da chamada República Velha. Para derrubar o suposto comunismo que enxergavam no país, os militares deram o golpe de 64, retirando o poder dos civis e implantando um governo de exceção por três décadas. 

Não sem o apoio do ex-governador Siqueira Campos que junto com outro coronel paranese, Jarbas Passarinho, representavam a Amazônia Legal nos governos militares. Todos hospedeiros do mesmo projeto de Jair Bolsonaro que recebeu esta semana o apoio e defesa do ex-governador. Quando Siqueira implantava o Estado, Bolsonaro entrava na Câmara dos Deputados (91). Mas foi agraciado por Siqueira no Senado com a indicação de honraria, no ano passado.

Não sem fundamento mais ideológico do que histórico tocantinense, Siqueira Campos (sem consultar parlamentares e a população) ergueu na Praça dos poderes do Estado na Capital dois monumentos a dois símbolos do arbítrio: Memorial Coluna Prestes e Monumento dos 18 do Forte de Copacabana.

Fora Governador nas atuais circunstâncias, é possível deduzir que estaria fazendo fileiras a Jair Bolsonaro e os 30% de idiotas reacionários e negacionistas no enfrentamento dos princípios democráticos e em defesa do kit cloroquina/ivermectina, medicamentos ineficazes que Bolsonaro indicou contra as vacinas e máscaras. E que hoje abraça circunstancialmente, mesmo sem defender o distanciamento social, fator responsável em larga medida pelas mais de 300 mil mortes no país em um ano.

Mas a história foi mais pai que padrasto: quis na pandemia Mauro Carlesse que tem  deixado ideologias de lado (se as cultiva) na administração do Estado e do bem estar da população que é plural, como o são nas democracias representativas.

A historia refazendo as coisas certas por linhas certas.

 

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