O governador Mauro Carlesse, como prometido, reabriu ao tráfego ontem a ponte sobre o rio Tocantins em Porto Nacional. Mais uma vez entregou uma obra na cidade sem prefeito e vereadores do município. Reabriu-a da forma como a interditou: sem a população portuense. A situação se assemelha a retirar o bode da sala ali colocado pelo próprio Palácio.

É daquelas situações só pensáveis em gestores que não dependeriam mais de votos! Ou de apoio popular. Com efeito, Carlesse enfrenta processos que podem cassar-lhe o mandato e os direitos políticos. Mas até o momento está limpinho da silva.

Do ponto de vista da legitimidade, governadores não tem competência para invadir municípios. Por isto decretou aquele estado de emergência que, se legitimou as contratações sem licitação, não legalizou, do ponto de vista político,  a interdição, feita antes do decreto.

Como, do ponto de vista estrutural, o governo liberou a ponte nas mesmas condições em que a interditou, tem-se que a interdição fora um ato meramente político.

E que se haveria irresponsabilidade antes, o haveria certamente depois com sua liberação sem as reformas consideradas necessárias no seu fechamento e delas fundamento.

Ao contrário dos problemas da população e das perdas proporcionadas à economia local nos mais de 120 dias em que a cidade ficou à merce de uma decisão do governo. Problemas reais!!!! na pele e no bolso.

Ou seja: o governo, para auxiliar seus aliados na cidade (intui-se) formou uma frente política contra a prefeitura (prefeito considerado adversário) apesar dos dispositivos constitucionais.Deixando de lado o que pensa a população que elegeu prefeitos e vereadores para seus representantes políticos. Ou seja: um governo interferindo em "faniquitos" interioranos.

O problema é que ficou tão escancarada a estratégia que a população, pode-se deduzir, deve ter guardado na memória os registros fotográficos da interdição e de sua abertura. Com os seus protagonistas em estado puro.

Só falta fazer uma nova ponte sem alvarás municipais. Ou jogar no colo da prefeitura, o ônus de sua não construção, até agora uma abstração, ainda que também anunciada ontem.

Aliás, Marcelo Miranda até mesmo ordem de serviço assinou para esta ponte. E com o mesmo séquito de caras de pau a bajular-lhe os cornos.

Conclusão: Mauro Carlesse conseguiu transformar o prefeito Joaquim Maia em vítima. E se tivesse problemas para uma reeleição, os aliados do governo certamente não mais lhe serão páreo pela lógica política que as atuais circunstâncias apontam.

 

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