Ser governador e secretário de Estado não é tarefa fácil. Ainda assim 20 em 10 políticos querem comandar o governo. Como apenas os insensatos, alienados e dementes buscam sua própria eliminação, a escolha deve ter algum atrativo compensatório.

Nos últimos dois dias, a Justiça bloqueou R$ 230 milhões de dois ex-governadores e outro R$ 1 milhão do governo. Não mandou prender ninguém. No Estado, cerca de 2 ml e 500 pessoas vão a óbito anualmente nos hospitais públicos. Um número de guerra.

No primeiro, por acusação de desvios de recursos do BNDES destinados à saúde e aplicados em lama asfáltica. No outro, para cumprimento de decisão judicial que o obrigava (o poder público) a comprar medicamentos para tratamento de câncer na rede pública de saúde.

Em ambos os casos, ninguém foi preso. Ainda que MPF/MPE/Defensoria acusem o governo por pacientes que vieram a óbito por falta de atendimento e de medicamentos. A Justiça aplica multa no governo (que é paga pelo contribuinte) e não prende ninguém.

O gestor faz das suas (ontem teve uma busca e apreensão na Secretaria de Saúde), pessoas vão a óbito e quem paga a conta da multa é o contribuinte com os impostos. Em alguns casos, com a própria vida. E ninguém vai preso.

E a vida segue. Governador e Secretários não tem parentes internados no HGP. E a vida segue à espera de um milagre como para a dona de casa Gisélia Brito. Uma batalhadora junto com o marido, mais conhecido como Paulista, que vende cerveja e espetinho num barzinho na 405 Sul depois de anos na 403 Sul, com o Bar do Paulista.

Gisélia, de 52 anos, buscou o HPG no dia 5 de fevereiro como uma dor na barriga. O médico a mandou para casa. A dor continuou e retornou ao HGP no dia 9. O médico novamente a mandou para casa. Na segunda, 11, a dor continuou e voltou ao hospital.

O médico novamente orientou que fosse para casa que seria apenas uma prisão de ventre. No dia 12, Gisélia não suportou a dor e de novo foi parar no HGP, no dia 13 o seu corpo paralisou da cintura para baixo e até ontem à noite não tinha sido ainda avaliada por um neuro-clínico no HGP. Depois de 23 dias!!!!! Ontem a noite, Gisélia já sentia paralisada parte superior do corpo. E os médicos a tratavam com buscopan e dipirona.

Gisélia, assim, está há 23 dias sem atendimento médico no HGP. Entrou com uma dor abdominal e ontem, se já tinha a parte inferior do corpo, a parte superior já demonstrava paralisação. E não tem até agora médico prestando-lhe o atendimento adequado.

E o hospital sequer buscou saber o que Gisélia, que trabalhou a vida inteira para criar sua família, enfrentando noites fazendo espetinho e pagando os impostos para a prefeitura e o governo, pode se transformar em mais um número na estatística.

E ninguém vai preso. E quem paga a conta é o contribuinte por duas vezes: as multas e as despesas. Um preço alto que talvez tome sua vida como nota promissória.

Ao não mandar prender os gestores responsáveis, com filigramas processuais, a Justiça incentiva-os a manterem o método num Estado que tem um orçamento anual de R$ 1,5 bilhão para a saúde. Compensa, assim, o crime.

 

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