Daqui a oito dias os deputados abrem a primeira sessão legislativa da nova legislatura. São horas a que assistimos de intensa movimentação entre os parlamentares que, à primeira vista, poder-se-ia deduzir que estivesse em jogo, por trás da disputa pelo cargo de presidente do Legislativo, o futuro da população do Estado. É como se fôssemos empurrados a conclusões sem que as premissas fossem devidamente pensadas. Impulsionados a deduções sem o concurso da consciência.
Ela instiga, entretanto, a refletirmos que o interesse particular e pessoal de um deputado, de comandar um orçamento de R$ 249 milhões e ter prerrogativa de influenciar na agenda da execução de outro mais amplo de R$10,2 bilhões do governo, não deveriam estar linkados apenas nas motivações pessoais paroquiais voláteis ou de vaidades tão incontidas quanto explícitas.
Deveria, por certo, ligar-se, por conexão direta, com as necessidades do cidadão (contribuinte ou não) que delegou-lhe representação. Seria, assim, natural que o deputado estivesse, agora, a refletir sobre quais projetos teriam os pretendentes ao cargo que contemplassem, no seu dia-a-dia, aquele que entregou-lhe a procuração. É o ponto em que deveriam convergir eleito e eleitor.
E não simplesmente na cooptação de apoios com vistas a cargos, como os deputados gastam o recesso alongado em duas semanas, em conversas sobre divisão de poder. Dando prioridade a uma nova eleição, agora interpares, quando o Estado está paralisado por falta de orçamento cuja votação foi sobrestada por eles próprios. Uma disfunção anacrônica sistêmica não só estadual.
Daí é forçoso reconhecer, por dedução, que o mesmo objeto que deveria aproximar deputados e a população, é o mesmo que os repele um a outro. Ou seja: os deputados tem, pelo voto popular, a prerrogativa de escolher o presidente do Legislativo mas o fazem seguindo seus próprios princípios, à margem do que pensa a população que os elegeu.
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