Como era esperado, já são públicos os depoimentos de pelo menos quatro funcionários do gabinete do deputado Toinho Andrade confirmando que devolviam os salários. A Polícia, como espeta o Jornal do Tocantins em suas páginas, estima em R$ 1 milhão os recursos supostamente desviados.

Os servidores devolviam, conforme os depoimentos publicados, parte dos salários que recebiam do gabinete de Toinho para o seu filho, Tony Andrade, vereador em Porto Nacional. Como os salários eram pagos pelo deputado, o vereador funcionava como uma espécie de atravessador. Seria, pelo raciocínio lógico, o Fabrício Queiroz (o assessor de Flávio Bolsonaro) do deputado.

Toinho poderá sempre dizer que não teria nada com isto. Mas não afastaria a condição de pai nem de empregador com a mesma facilidade com que mudou seu nome no painel de Toinho Andrade para Antônio Andrade. Um mero expediente ilusionista e de marketing que, tudo indica, soprado pelos formuladores palacianos para desviar a atenção da crise. O CPF e a identidade continuam iguais.

Mapa e território, entretanto, são extensos. Toinho Andrade emprega em seu gabinete 64 empregados de recrutamento amplo (comissionados) e nove especiais. Uma folha de salários de R$ 210 mil servidores. O dobro dos R$ 110 mil (23 servidores) da Presidência que assumiu.

Quando denominei de patos mancos os deputados que escolheram Toinho Andrade para presidencia um deputado observou que tivesse sido severo demais. Não estava. Tratava, evidentemente, da situação política dos parlamentares aliados do Palácio Araguaia e não de suspeição sobre eventuais desvios dos deputados. Tampouco sobre Toinho que pode estar sendo injustiçado.

Toinho Andrade não é sequer denunciado, é só investigado. Mas já é, entretanto, condição para que deixasse o parlamento de fora de seus problemas pessoais. É situação que representa parte do problema e não solução para as questões de Estado que Mauro Carlesse, como governador, propaga querer dar solução de continuidade e que enxergou em Toinho parceria promissora.

Agora, como é notório, as suspeitas contaminarão os demais deputados (e os projetos do governo dependentes do Legislativo) posto que não haveria escolha mais adequada, do ponto de vista moral e ético, que os aliados de Toinho Andrade o aconselhassem a dissipar as suspeitas da acusação para depois presidir o parlamento e coordenar o Legislativo.

Daqui por diante, o presidente do Legislativo do Estado vai dividir seu tempo remunerado pelos eleitores entre responder processos criminais e atender o governo e demais parlamentares, seus fiadores.

No Rio de Janeiro, dez deputados estaduais foram presos de uma vez em novembro passado e deu no que deu. No Tocantins, Toinho pode não estar sozinho: pelo menos treze deputados (mais da metade do Legislativo) empregam mais de 60 servidores de recrutamento amplo, com folha salariam acima de R$ 170 mil mensais. Ou R$ 2 milhões ao ano por cada deputado.

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