Enquanto a classe política faz um silêncio ensurdecedor, os procuradores da República e a Justiça Federal vão expondo as inomináveis malandragens com dinheiro da população do Estado, mostrando os pilares de sustentação de projetos que não são políticos nem de poder, mas de assalto aos cofres públicos. Uma orientação, como é notório, que remonta à própria criação do Estado.

Não sem motivos, a administração do Estado está nas mãos de dois grupos que se revezam no comando do governo há 30 anos. Agora, estão aí entrando também no governo Mauro Carlesse.

Da mesma forma que com receitas orçamentárias de R$ 300 bilhões nas três décadas, a população continua registrando 600 mil pessoas (38% da população) dependente do Bolsa Família. Mais: 55% dos moradores do Estado (850 mil sobreviventes) encontram-se na pobreza e extrema pobreza (Banco Mundial). E 10% da população economicamente ativa (PEA de 770 mil) sem emprego (80 mil desempregados).

A revelação da tramóia da reunúncia é espigaçada nos depoimentos do empreiteiro Rossine Guimarães (um furo da correta repórter Ana Paula Rehbein/TV Anhanguera/Rede Globo). Não haveria motivos para o empreiteiro entregar parte de R$ 3 milhões ao vice João Oliveira, já fora do cargo, que não o pagamento pela renúncia ao cargo. Aliás, R$ 3 milhões só a propina a João e Kaká.

Aliás, dinheiro resultado de pagamento antecipado de obra no governo Siqueira Campos/Sandoval Cardoso, o que joga por terra a informação de que o governador não saberia o que estaria acontecendo ou que não tivesse cometido alguma irregularidade. Ora, liberar pagamento que certamente  seria maior que os R$ 6 milhões (o valor total de uma propina) por obra ainda não feita não é pagar um chicabon.

Se um governador não tivesse conhecimento de um negócio desses, na sua cara, não poderia estar no cargo evidentemente. R$ 6 milhões (só a propina dessa obra) não são seis reais. Ou seja, o valor da obra paga sem ser feita seria, evidentemente, muito maior para que o empreiteiro pudesse dar os R$ 6 milhões do pedágio.

A renúncia de Siqueira e do vice possibilitaria a candidatura de Eduardo, depois substituído por Sandoval Cardoso. João deixou o cargo não sem atribuir parte de decisão a um entrevero com a senadora Kátia Abreu. Agora tem-se os motivos mais convincentes.

E o que falar da delação do empreiteiro a dizer que teria entregue R$ 6,8 milhões em dinheiro e cheque ao então secretário Eduardo Siqueira. Propina em cheque sugere que não haveria mais qualquer preocupação com nada. O empreiteiro conta com detalhes difíceis de serem contraditados. E os R$ 2,5 milhões a Sandoval Cardoso. E os R$ 3 milhões a Marcelo Miranda porque os pedidos do cunhado do governador já estariam impagáveis!!!

Por enquanto é somente uma delação. Rossine terá que dar comprovações do que fala. Os citados irão se defender juridicamente. Mas politicamente o estrago já está feito.

E que se note: nesta época aí, a crise nos hospitais públicos recrudescia com a falta de medicamentos, o governo havia retirado os vigilantes dos hospitais por falta de grana, faltavam lençóis nos hospitais, a Pro-Saúde deixou os hospitais por falta de pagamento e os prestadores de serviço paralisavam atendimento do Plan-Saúde.

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Ponto Cartesiano

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