O candidato a presidente Ciro Gomes convocou ontem o eleitor a não deixar as pesquisas orientarem o voto no presidente do país. Ciro, que celebrou o avanço de seu nome nas pesquisas antes do Fator-Lula em Fernando Haddad, reage de forma inversa: a pesquisa registra o que a intenção circunstancial do eleitorado e não o contrário. Pode atrair os indecisos mas numa eleição dessas, polarizada entre direita e esquerda, é imponderável o raciocínio, na dimensão que lhe é dada pelo candidato do PDT.

Fora assim, existiria uma conspiração entre institutos de pesquisas, entidades e empresas de comunicação como o grupo Folha de São Paulo, Veja ou Rede Globo para entregar a presidência a Jair Bolsonaro ou a Fernando Haddad. Um raciocínio implausível e que configuraria uma impossibilidade lógica já que são tidos, pelos próprios Haddad e Bolsonaro (com suas militâncias) contrários a seus projetos de poder.

O que empurra ambos aos indicadores é algo que certamente deverá ser objeto de estudos no futuro. A população está sendo induzida (ou alimentada) – e aí não é exagero atribuir-lhe grau elevado de alienação – a optar por um candidato de um partido que destruiu a economia do país (com seus maiores líderes encarcerados por corrupção e lavagem de dinheiro) e outro candidato que prega a volta do regime militar de força.

E, agora, da UTI de um hospital, defendeu a extinção da federação de Estados na administração de recursos. Ou seja: São Paulo, o estado mais rico, na lógica orçamentária do PSL (e aceito pela turba bolsonariana), teria, proporcionalmente, mais recursos do bolo que Tocantins ou Roraima, por exemplo, quebrando o princípio da unidade/proporcionalidade e levando os estados mais pobres a continuarem pobres e os mais ricos, cada vez mais ricos.

Dando uma banana a candidatos como Geraldo Alkimin (de trabalho irretocável em São Paulo, estado de economia e população maiores que muitos países no planeta) e o próprio Ciro (para ficar nos mais lembrados), um técnico e político de reconhecida competência e que, goste-se ou não, tem apresentado o melhor discurso e projeto dessa campanha. A tudo isto aí, a população parece fazer ouvidos de mercador.

Pode-se contraditar ou refutar suas razões. Mas não negá-las como parece pretender Ciro. Caso contrário estaria negando a própria democracia que diz defender. E que, com justificadas razões, é possível inferir das tentativas do PT de implantar um regime autoritário de esquerda no país (quem aí não se lembra do controle dos meios de comunicação, eufemisticamente tratado pelo PT como marco regulatório da comunicação ou de limitação do STF, dentre tantas). E o Petrolão? E o mensalão? Já Bolsonaro é auto-explicável. Não precisa de tradução ou interpretação para o seu projeto de explodir e implodir a democracia brasileira.

Mas seguramente, isto não é um problema dos institutos de pesquisas e do que perscrutam nas ruas. Se os interessados os amplificam, as regras em vigor o permitem.

Deixe seu comentário:

Destaque

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Tocantins (MPTO) deflagrou, nesta quarta-feira, 13, a ope...

O projeto de construção da infraestrutura turística na praia do Lago do Manoel Alves, localizado em uma região entre os municípios de Dia...

O senador Irajá Abreu (PSD) dá indícios de querer escalar sua campanha eleitoral com quatro anos de antecedência. Se até agora fazia uso de sua...