A reação a uma foto da ponte de Porto Nacional publicada aqui no sábado foi impressionante. A maioria que pensa e não anda com as quatro patas no chão enxergou o óbvio: a ponte continua da mesma forma que forçou o governo do Estado interditá-la há sete anos (2011) à travessia de caminhões com peso acima de 30 toneladas.

Uns jericos entraram aqui e nas redes sociais tratando o post (na verdade uma notinha) como fakenews. Eu que fui à inauguração dela, num dia de chuva de 1.978 (há 40 anos) e assisti a caminhões carregados atravessando-a no sábado (situação recorrente como me informaram moradores da região) busquei justificativas. Só encontrei uma: as eleições passaram e continuam com sua verve autoritária (e burra) bolsonariana de refutar a verdade atingindo o meio e não a mensagem. Um equívoco de lógica e dialética mas a maioria não sabe nem o que é isso.

Ora, se a ponte não apresentasse insegurança com as rachaduras explícitas(não são pinturas na parede), por que motivos o governo (com seus engenheiros e que tais) decidiriam interditar caminhões acima de 30 toneladas.

Deve ser por pura maldade com os caminhoneiros e produtores de soja do Oeste da Bahia e do Sudeste do Estado, obrigados a desviar seu curso para chegar ao escoamento da produção pela BR-153 ou Ferrovia Norte-Sul.

Produtores, aliás, que se utilizam também das rodovias sem pagar imposto (a soja é isenta de ICMS para exportação), com suas cargas acima do peso, diminuindo a vida útil do asfalto. Caindo, claro, no colo do contribuinte e usuário comum que paga os impostos e não tem rodovia decente, correndo seus próprios riscos de vida para ajudar produtores a ganhar mais dinheiro que não repartem.

E a ponte? Ora, a ponte de Porto Nacional é exemplo típico e acabado da sem-vergonhice da classe política.Não só daqueles com mandato mas, como é notório na reação, de seus seguidores que mais parecem asseclas. Sem qualquer manutenção, a ponte está literalmente caindo. A dúvida é apenas quando e como. Os técnicos dizem que é normal sem atentar-se para o fato de que restringiram o peso que não suportaria. Devem estar fazendo brincadeira de pega-pega com a população e os motoristas. Só pode. Interditaram sem motivo algum.

Pior: depois de interditada não fiscalizam a passagem. Como era notório neste final de semana quando caminhões acima do peso a atravessavam sem qualquer importunação. E olha que já haveria ação da Defensoria provocando o Ministério Público a enquadrar os responsáveis.

O problema aí é que os governos estão atrás de dinheiro emprestado para fazê-la. Tentou-se utilizar recursos captados pela própria empreiteira que ganhou a concorrência. Ou seja, a empresa primeiro conseguiu o banco (empréstimo), depois o governo licitou e ela ganhou. E aí você já viu. Depois de processos, o banco desistiu e o governo pediu dinheiro à Caixa.

Se tivesse economizado este ano as despesas que pagou somente em 2018 com passagens,diárias e indenizações/ressarcimentos a servidores públicos (algo próximo de R$ 160 milhões) teria construído a ponte este ano sem precisar tomar dinheiro emprestado. Se somarmos o que gastou (nestas mesmas despesas) desde que foi anunciada (e lançada) a obra, em 2011, era recurso para se construir oito pontes de mesma dimensão em sete anos.

Uma sem-vergonhice, como já disse. Pouco caso não só com a cidade, mas com a vida das pessoas.

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