O governo aparentemente conseguiu transformar uma agenda negativa em positiva. E de forma muito simples: apenas apresentando números e medidas.

E aí não seria demais raciocinar que um áudio espalhado nas redes sociais (desconfia-se até de um parlamentar da situação no seu vazamento) tivesse sido-lhe benéfico no que impulsionou.

Áudio que foi também objeto de contrainformação (deduz-se do Palácio) com a publicação de outro que sugeriria chantagem ao governo em troca da sua não publicação. Ou seja: não haveria santificados nos dois lados da história, tomando-a pelo valor de face.

Aliás, dessas conversas que se ouve a toda hora (em todos os governos e botecos) mas que empresários não apresentam provas e sequer assumem as denúncias por não terem como comprovar ou medo de não contratar mais com o governo. Caso contrário, os denunciaria no Ministério Público ou no TCE.

Sem juízo de valor do mérito do vazamento (que não era nem mesmo denúncia já que o empresário não o assumiu como tal e sim como um off que intuo não soubesse estar sendo gravado de tão descuidado e e sem comprovação a um jornalista) o Palácio não passou recibo e optou por tratar do plano de saúde.

Informou que deve R$ 95 milhões ao Plan-Saúde e justificou os atrasos com a necessidade de auditorias nas despesas (irá liberar R$ 18 milhões nos próximos dias e outros R$ 79 milhões ainda estariam sendo auditados).

É certo que deve explicação sobre prazos incertos de auditoria. Um empresário não pode ficar meses sem receber à espera dessa vistoria nas notas porque também tem seus fornecedores e prestadores de serviço para pagar. E não é sua obrigação financiar o governo e o plano.

Até porque o governo demora meses para pagar e quando o faz não aplica a correção de juros de mora. Com pequenos fornecedores é um Deus nos acuda. Deixa juntar faturas de pequenos valores para pagar tudo junto, elevando imposto a ser pago pelo fornecedor/prestador de serviço.

No caso do Plan-Saúde, o governo está certo mas deveria estabelecer prazos e aumentar o número de auditores. E aí um paradoxo: a falta de auditoria nas notas foi um dos dutos para desvios de dinheiro do plano. Lembram-se dos marcapassos? Pode-se até contraditar a explicação do governo, mas ela é plausível e defensável.

Aliás, controle que a empresa responsável pela administração do plano parece já fazer ao dificultar, certo modo, autorizações para procedimentos e que deveria, evidentemente, ser acompanhada pelos servidores para evitar excessos com objetivo (como é possível raciocinar) de diminuir custos e elevar lucros privados.

Situação que pode muito bem ser reparada com a recomendação ontem de uma conselheira do TCE para que o governo dê transparências aos números do Plan-Saúde, uma obrigação legal que o Palácio (não só neste governo) omite escancaradamente, favorecendo, lógico, os desvios. É esperar a reação dos servidores e parlamentares.

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