Os procuradores da Operação Ápia ofereceram nova denúncia contra os ex-governadores Sandoval Cardoso e Siqueira Campos, avançando seus braços no deputado licenciado e ex-secretário Eduardo Siqueira. Ainda não devem ter sido notificados mas terão oportunidade para apresentarem suas defesas que, por certo, devem ter. Nas vezes em que foram solicitados a darem suas justificativas, negaram tudo. Não são condenados. Apenas acusados pelo MPF. Daí a condenações vai uma grande diferença.

Esta já é a terceira denúncia do MPF com base nos desvios investigados pela Operação Ápia. O juiz federal decide se acata ou não, se os acusados serão réus ou não. Em janeiro, a JF acatou a segunda denúncia contra oito empresários. Dentre eles, o da EHL, objeto da nova denúncia.

Ainda que pela denúncia as pessoas fossem levadas a concluir ser um novo rombo nos cofres públicos, tudo indica que os desvios apontados fizessem parte do resultado das investigações sobre aqueles R$ 1,2 bilhão captados no Banco do Brasil e que resultou na própria prisão de Sandoval e do cunhado. E nas denúncias anteriores dos procuradores.

E que já tem até delação premiada do proprietário de outra empreiteira, Rossine Guimarães (Construtora Rio Tocantins), que teria recebido R$ 135 milhões dos contratos também investigados pela Operação.

A denúncia do dia é sobre contratos com a EHL de R$ 35 milhões e cujo proprietário também foi preso em 2017 junto com o ex-governador Sandoval. A empreiteira teria apresentado uma movimentação de R$ 2,5 bilhões entre 2013 e 2016, salientam os procuradores. Sandoval deixou o governo em 2014.  Ou seja, o processo teria continuado, pelo que sugerem os procuradores.

O número eloquente embute uma estratégia contábil de acusação: representam entradas e saídas. Se você depositar no banco R$ 1 mil e depois sacar este R$ 1 mil, terá tido uma movimentação de R$ 2 mil quando, materialmente, só existia R$ 1 mil.

Mas não elimina a constatação de que uma quadrilha saqueava as contas públicas num Estado onde 55% da população vive na pobreza e extrema pobreza. E, já naquele período, as pessoas iam a óbito nos corredores dos hospitais sem leito e medicamentos.

O Estado argumentava falta de recursos e os que o comandavam não economizavam desfaçatez para publicitar princípios morais e éticos de que estariam fazendo uso contra o imoral e antiético materializado na oposição a seu governo.

E naqueles que o apontavam, como este próprio blog (o arquivo está aí sobre estes empréstimos), talvez o primeiro a demonstrar o desvio de finalidade do empréstimo do BB. Dinheiro para a saúde, sendo aplicado em lama asfáltica por motivos óbvios.

Se pudesse reduzir a termo (ou a uma frase) o processo de saque, não teria concorrência a declaração atribuída pelo MPF ao proprietário da EHL (captada em conversa e incluída no processo), como vai no JTO desta sexta, de que para discutir a propina, emprestava um sentido filosófico e, lógico, medieval ao grupo: "Precisamos montar um QG dos cavaleiros da Távola Redonda...."

Não precisava. Os deputados e o Tribunal de Contas, obrigados a fiscalizar os atos do Executivo e pelo qual existem, levavam tudo como uma festa. Eram mesmo os premiados do rei Arthur palaciano. Fico a imaginar todos sentados à uma mesma mesa redonda assim, carpida e sem pontas, para que todos fossem iguais quando iguais já eram do ponto de vista  moral e ético.

Deixe seu comentário:

Ponto Cartesiano

A pregoeira da Superintendência de Compras e Licitação da Secretaria da Fazenda publicou ontem a empresa ganhadora da Ata de Registros de Preços 083...

O Legislativo com um problema de orçamento e financeiro. Publicou no Diário da Assembléia ontem o resultado de licitação de agên...

A intenção do governo é boa: publicou (novamente com correções) ontem a Medida Provisória 09, de 17 de abril de 2024. Pela l&o...