Os números são impressionantes. O contrato 040 (2024) – assinado em 25 de março e já empenhado – da Prefeitura de Peixe se compromissando a pagar R$ 850 mil à empresa CCLI PEDREIRA SHOWS E EVENTOS LTDA pelo show de Cláudia Leite no próximo sábado, 30, é daquelas situações que só prosperam pela certeza de falta de fiscalização
Comparação: a mesma Cláudia Leite cobrou da prefeitura de Itabaiana (SE) no ano passado (agosto) R$ 430 mil por um show da cantora na micareta daquela cidade. Contrato entre a Prefeitura e essa mesma CCLI PEDREIRA SHOWS E EVENTOS LTDA. Tem aí uma diferença a mais a ser paga pela população de Peixe de R$ 420 mil (98% a mais).
Mas não é só isso: a prefeitura de Peixe arrecadou de impostos e contribuições no primeiro bimestre de 2024 a soma de R$ 452 mil. Ou seja, uma média de R$ 226 mil mensais.
Por uma hora de micareta, a Prefeitura estaria comprometendo, portanto, o equivalente a quatro meses de arrecadação tributária do município. Ou ainda, 1,5% de todo o orçamento anual da cidade de R$ 64 milhões.
A prefeitura (conforme o RREO do 1º bimestre/24) pagou na saúde R$ 1,3 milhões em janeiro e fevereiro. E outro R$ 1,3 milhão na educação nos dois meses. Ou: 650 mil mensais. Cerca de R$ 200 mil a menos do que os R$ 850 mil dos 90 minutos de micareta da Cláudia Leite.
O prefeito sustenta o gasto com a suposta movimentação da economia. Mas há um problema contábil e político: na Lei Orçamentária de 2024 do município, a prefeitura destina apenas R$ 40 mil para eventos institucionais.
Os R$ 850 mil devem ter caído do céu ou de emendas parlamentares.
Ah: Peixe, com seus cerca de 9 mil habitantes, tem apenas 8,75% de seus moradores com alguma ocupação. E 41% destes tem renda per capita de até meio salário mínimo (R$ 700). É onde a taxa de escolarização é uma das piores dentre os 5.570 municípios do país. No Estado, é o 101º de 139.
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