O desaparecimento do prefeito de Goiânia, Maguito Vilela (ocorrido nesta madrugada) – vítima de Covid – é um baque na política goiana. Não haveria maior demonstração do que sua eleição para prefeito com 52% (277 mil votos de uma população de 1,5 milhão de habitantes/equivalente a população de todo o Tocantins) entubado no Hospital Albert Einstein, depois de administrar Aparecida (na grande Goiânia), uma cidade de 600 mil moradores e 40 mil contaminados.

E, certo modo, inquietante: a Covid-19 já tinha atingido até ontem 320 mil goianos (só Goiânia, 89 mil casos e 2,1 mil óbitos), vitimado sete mil pessoas e o Estado de Goiás conservava um isolamento social de apenas 35% (uma farra só menor que a do Tocantins/33,29% no país ontem/In Loco).

Maguito era o herdeiro natural de Iris Rezende (que disse ter aposentado politicamente em dezembro de 2020) e certamente, após Goiânia, voltaria a governar o Estado de Goiás. Íris, o coronel emedebista goiano, funcionava como pathos e ethos do MDB tocantinense que comandou o Estado por três mandatos. Maguito, apesar de irista, carregava um perfil menos autoritário e mais leve. De outro modo: o MDB do retorno da democracia era mais nele representado.

Conheci Maguito quando ainda deputado estadual e mais proximamente quando elegeu-se federal. Viajamos muito com o ex-presidente da Caixa, Paulo Mandarino (depois deputado federal) pelo Estado de Goiás. Como coordenador da Comunicação da Caixa Econômica Federal em Goiás, era o responsável pelo suporte (e cobertura) das andanças do presidente no Estado. Depois para as peladinhas de futebol nos finais de semana (dizia-se, ele próprio, um grande centroavante, com algumas dúvidas) organizadas pelo icônico jornalista goiano Arthur Rezende foi um pulo.

O presidente da República era Fernando Collor e Henrique Santillo governava Goiás.  Maguito (MDB) rivalizava-se, na esfera federal, com outro parlamentar goiano, José Gomes da Rocha (do PRN de Collor), no Sul de Goiás. Zé Gomes, de Itumbiara, Maguito, de Jataí. Maguito, mais inteligente, Zé Gomes, mais atiçado. Gomes, nas recepções políticas, levava mulheres em chácaras próximas a Itumbiara. Maguito servia galinha com pequi e uma cachacinha de Jataí.

Rivalizavam-se, também, ambos, na região Nordeste do Estado (Formosa, Posse, Simolândia, Alvorada) com outro político preferido de Collor e Mandarino: Sebastião Minguito (Posse) que deu suporte à eleição de Sebastião Caroço deputado estadual por Goiás (depois presidente da Assembléia goiana) - destronando os capos de Formosa/Heli Dourado e Ivan Ornelas -  que à época (por sua relação com Cleto) interferia (sem mandato ainda) na nomeação de gerentes da Caixa no Estado. Collor, Mandarino e Cleto Falcão mexeram essa panela tão heterodoxa quanto efervescente do ponto de vista político, sob o olhar nem sempre concordante de Maguito.

E os obscurantistas (inclusive na política e parlamentares) negando a Covid-19, resistindo ao isolamento social  e zombando da vacinação em massa da população.

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