Fez bem o vereador José do Lago Folha Filho de registrar um Boletim de Ocorrência pedindo investigação de panfleto apócrifo sobre suposta comercialização de votos na eleição da presidência da Câmara de Palmas. Joga luz nos processos políticos.

O panfleto pode ser confirmado como fake News e não ter “rolado” nada para a então neófita na política, Janad Valcari, eleger-se vereadora e ato contínuo tornar-se líder do Legislativo municipal. Tendo como infantaria e artilharia apenas suas qualidades pessoais, profissionais e empresariais na iniciativa privada.

Um case para a maioria dos empresários que tem poder financeiro mas não tem poder político que buscam, regra geral, nos cargos eletivos onde pouquíssimos conseguem inflitrar-se com mandatos. Janad teria demonstrado que se pode, sim, sair do nada político para o tudo político dentro das regras.

E retirar do inconsciente e consciente das pessoas normais a possibilidade de enxergar anormalidades no fato de, de um dia para o outro, uma pessoa conquistar o eleitor da cidade de 300 mil habitantes e já de cara assumir a direção do parlamento com votação majoritária.  Um desempenho considerável ainda mais para uma mulher, diriam os sempre atentos defensores da igualdade de gênero.

Ocupo-me da hipocrisia. É um segredo de polichinelo a grana que envolve eleições no Legislativo não só metropolitano, mas estadual. E tem “justos” motivos: parlamentares (salvo as exceções de praxe) não se importam em cobrar e receber mesadinhas para votar nisto ou naquilo.  Um crime. Todos sabem mas não denunciam. Achacados e achacadores. As provas são difíceis e ninguém quer responder processo criminal. Se os envolvidos (explorados) não denunciam, por que motivos o cidadão comum o faria é claríssimo.

Os governos tem noção de que é ilegal e imoral. Os parlamentares também. Mas sem o “azeitamento” pouco se consegue avançar nas prioridades. É uma relação custo benefício solidária. E que se diga: ocorre também com o eleitor que, em larga medida, só apóia um candidato mediante paga ou promessa de ganho. A diferença é que o eleitor comercializa um direito seu, os parlamentares a coisa pública que já os remunera pelos serviços prestados, tanto antecipadamente (com o voto) como a posteriori (salários, funcionários, mordomias e verbas indenizatórias).

Se ocorre no pleno exercício das funções públicas, menos razão existiria, certamente, para não ser considerado um mercadejo cambial antecedente para ocupá-las, como no caso da Câmara Municipal, sem juizo de valor ou pré-julgamento de que tivesse ocorrido no último dia 1º de janeiro na condução de Janad na presidência do Legislativo. A recorrência, como é evidente, não nega ou refuta a imoralidade e ilegalidade.

Independente de confirmação ou não da xepa, a prefeita Cínthia Ribeiro colheu o resultado de sua pouca ou nenhuma disposição para fazer política com vereadores. Pode ser justamente por ser refratária ao tráfico no ambiente. São coisas que não pegam na manivela ainda mais com o perfil do candidato dado como o preferido do Paço Municipal.

Tal político eleito, tal eleitor. O resto é hipocrisia barata na observação e prática de atos não republicanos de ambos.

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