O confronto quanto à práxis no MDB é inevitável. Os autênticos (e agora também nomeados ortodoxos) resistem a aceitar a consequência inexorável da filiação do senador Eduardo Gomes no partido: o controle, pelo parlamentar (que é liberal) à ortodoxia e autenticidade dos emedebistas que hoje o comandam. Nos próximos dias é esperada movimentação no partido no Estado.

Na verdade, um efeito do voto.  Os ortodoxos e autênticos sabem que partidos são comandados por quem tem voto. Opor-se a isto é um equívoco dos ortodoxos e autênticos. Até conceitual. Os autênticos, como é notório, criaram mais uma régua para diferenciar-se dos que eles consideram, por lógica, não detentores de autenticidade: a ortodoxia.

Ortodoxia, como é inquestionável, não combina com democracia. É mais um democratismo, uma doutrina. Se a condição de autênticos já impunha um conceito segregacionista no princípio e incoerente na forma de execução já que afirma que o partido aceitaria também não autênticos, a ortodoxia o radicaliza mais ainda: haveria, num só partido, ortodoxos, autênticos e não autênticos.

Ou: três correntes partidárias e ideológicas diametralmente opostas num só partido. E aí o MDB seria um agrupamento de partidários de várias partes que, pela lógica, não formariam um todo já que uma substância não produz substância diferente. Um partido dividido como uma parte dividindo-se em outras tantas. No popular: um balaio de cães e gatos.

Agora, na prática, falta ao partido organicidade e o desempenho de atividades orgânicas. Não se vê autênticos e ortodoxos reunindo militância no Estado ou mobilizando suas lideranças nos municípios.

Convenções só as fazem nas campanhas eleitorais e na renovação partidária. No intervalo, os ortodoxos e autênticos cuidam de seus interesses pessoais mais heterodoxos que fincados numa suposta ortodoxia. São bem autênticos.

O comando antes autêntico e agora também ortodoxo é, há mais de duas décadas, um espectro fantasmagórico sobrevivente dos governos que o partido conquistou não sem a ajuda dos não autênticos. Até mesmo da direita, seu antípoda não só presuntivo, mas reconhecido necessário à validação de sua própria nomeada condição ortodoxa e autentica deliberada por um grupo restrito, sem a substância da militância e dos líderes municipais.

Eduardo Gomes, que saiu das urnas com expressiva votação, pode fazer melhor ao partido que essa ortodoxia e autenticidade hipócrita e direcionada a uma elite partidária que tenta preencher o vácuo de organicidade com retórica tão arbitrária quanto contraditória e reacionária.

 

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Ponto Cartesiano

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