Na exata proporção que o senador Eduardo Gomes se movimenta para comandar de fato o MDB no Estado, a senadora Kátia Abreu (ex-MDB) se move na circunscrição política do PHS de Mauro Carlesse. Kátia é do PDT, de Ciro Gomes.
São dois potenciais candidatos ao governo daqui a quatro anos. A lógica realça, portanto, que tivessem projetos conflitantes ainda que não divergentes.
Se funcionar como árbitro, com menos fígado e mais cérebro, Mauro Carlesse tem condições de sair-se beneficiado com a situação.
Pode estar na chapa de um ou de outro dado que não tem arestas com nenhum dos dois. Ou ter a sua própria com Wanderlei Barbosa ou Antônio Andrade.
No Estado, os movimentos de Kátia Abreu são mais pragmáticos e assertivos que os de Eduardo Gomes.
Daqui a pouco, setores da classe política estarão disseminando que a parlamentar estivesse mandando no governo de Mauro Carlesse, de quem foi adversária nas eleições suplementares.
Pior: que o governo de Carlesse dela estivesse a reboque, desidratando (ou fracionando) ativos políticos do grupo palaciano.
E aí o problema: Kátia é uma máquina de trabalhar e a tendência é mesmo assumir linhas de frente (veja aí o caso das movimentações na saúde e com Carlesse em Ministérios).
Situação que impõe comparações e, com elas, ciúmes políticos. E, na própria parlamentar, a cobrança de ativos que raciocine ser merecedora pelo trabalho político realizado.
Já Eduardo se movimenta no campo político do Congresso onde é mais próximo de Jair Bolsonaro que Kátia Abreu. Katia pode arguir que tivesse dois votos no Senado (o dela e do filho) – ainda que a proposição não fosse assim demonstrativamente tão segura - mas seriam dois em 81.
A proximidade maior de um ou de outro, pode representar, para Mauro Carlesse, um racha com quatro anos pela frente e um Estado necessitado de verbas públicas onde cerca de 60% dos recursos dependem diretamente do governo federal e dos congressistas.
Como se nota, Mauro Carlesse necessita menos coração e fígado e mais cérebro para compatibilizar tais projetos. E não gerar uma crise política transformando ativos contingentes em passivos inexoráveis. Não é uma situação de fácil administração.