Enquanto o bom-senso administrativo vai de tartaruga, a incoerência do governo segue a jato. Somente nos últimos três dias (conforme o DO), o Palácio Araguaia já exonerou ou dispensou cargos de confiança de mais de 300 servidores.

As demissões recrudesceram depois do episódio dos delegados como a dar base argumentativa para a retirada das funções dos policiais. O governo, como não cabe dúvidas, necessita de ajuste nas despesas com pessoal. Indiscutível.

Ajustes que Mauro Carlesse, no cargo desde abril (oito meses), teve prazo suficiente para fazê-lo. Mas tinha duas eleições pela frente para, justamente, manter-se no cargo. Mais tarde, que nunca.

E qual o busílis nesta questão? Ora, há uma semana (Diário Oficial de 13 de novembro de 2018), o governo criou, pelo Decreto 5.878, de 12 de novembro de 2018, uma Comissão de Estudos para Reestruturação dos Órgãos e Entidades, Cargos e Funções Comissionadas da Administração Direta e Indireta do Poder Executivo.

Dentre as atribuições da comissão, duas delas são estas:

 III - calcular a razão existente entre a quantidade de cargos de direção e chefia e a quantidade de profissionais em assessoramento por Pasta, procurando estabelecer um padrão ideal do quantitativo de pessoal necessário ao funcionamento de cada órgão e entidade; IV - visitar sedes, unidades, anexos e dependências dos órgãos e entidades da Administração Direta e Indireta do Poder Executivo, na Capital e no interior do Estado, conforme a necessidade de verificação in loco dos dados resultantes do cumprimento do disposto neste artigo;

O governo sinalizava textualmente aí que não sabia quantos servidores pagava, onde estavam nem se estariam recebendo sem trabalhar. E que iria verificar isto in loco antes de fazer demissões e ajustar a máquina. Irrepreensível. A folha de outubro foi de R$ 405 milhões.

Ainda que se pudesse lembrar que o governador Mauro Carlesse tivesse demorado demais para fazê-lo, mesmo tendo um discurso eleitoral de saneamento da administração (e que proporcionou-lhe duas eleições para governador), a medida de criação da comissão com as finalidades colocadas, não havia como ser objetada.

E aí, de uma semana para cá, sem mais nem menos (sem notícia de conclusão dos trabalhos)o governo decidi demitir cargos e comissionados. A não ser que a comissão tenha feito um trabalho relâmpago (e que tenha visitado os órgãos à noite, sem a presença e conhecimento de ninguém, tudo isto em nove dias, com um final de semana no meio), o governo estaria demitindo ignorando a própria comissão que criou por decreto há uma semana para balizar suas ações no setor.

No chutômetro. Como, é provável deduzir, o teria sido o decreto que criou a própria comissão uma semana depois solenemente ignorada nas tais reformas prometidas.

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Ponto Cartesiano

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