Mauro Carlesse não pode deixar seu governo repetir o governo anterior. Como se sabe, muda-se governos, mas a estrutura de poder decisório permanece atrelada a apoios parlamentares. Quando atuam para o bem, ótimo. Mas quando tem propensão para o mal feito, levam o governador para o buraco.
No JTo desta quarta informa-se que a Agência Tocantinense de Saneamento estaria "credenciando" empresas (caminhões-pipa) para os municípios em situação de estiagem (Sudeste do Estado). Publicado o edital no dia 3 de outubro de 2018. Valor: R$ 4,9 milhões. Ainda que devesse, há mais de ano, outros R$ 4 milhões aos pipeiros.
A ATS, tentando amainar a situação, explica que a contratação foi possível após a aprovação de suplementação e remanejamento em setembro. Ou seja: após aprovação do Legislativo.
Não explica, entretanto, a oportunidade de uma contratação de serviços de combate à seca quando o Estado, de Norte a Sul e Leste a Oeste, já convive com o início do período chuvoso.
Também não dá maiores detalhes do investimento feito pelo governo (estadual e federal) na aquisição e instalação de 11.350 cisternas na mesma região (beneficiando 11.350 famílias) onde pretende levar, no período chuvoso, águas em caminhões-pipa. Custo: R$ 68,8 milhões (governo federal) e R$ 6,8 milhões (contrapartida do governo do Estado).
Numa região em que 50% das famílias tem renda familiar de até R$ 140,00. Um projeto em que só com capacitação de beneficiários se gastou R$ 324.000,00, outros R$ 151.037,01 com registros fotográficos e R$ R$ 400.000,00 com o transporte das cisternas.
Ou ainda dos milhões em investimento na perfuração de poços artesianos nos últimos anos. Investimentos totais (no abastecimento de água), como publicava a ATS no ano passado, que alcançavam a cifra dos R$ 147 milhões.
Ainda que se possa tratá-lo de boa fé e tudo não passasse de um equívoco, ou esse pessoal é louco varrido por uma seca ou Deus tem castigado, até nas chuvas, com a falta de água no Sudeste. Como a maioria é lúcida, tudo indica que fossem, os gestores e líderes políticos defensores da medida de contenção, doidos por outra coisa que não conseguiriam, paradoxalmente, conter.
