O Zero Um segue o script. Vai ter oportunidade de se defender na Justiça. Espera-se que tenha razões plausíveis para sua movimentação financeira que não as apresentadas ontem para um repórter envergonhado da Record.

 

O profissional não conseguiu disfarçar seu incômodo na entrevista. Seja pelas perguntas que fora obrigado a fazer (perguntas mais parecidas com as próprias respostas que objetivava) ou por aquelas que gostaria de ter feito e não pode fazê-las.

 

O problema da mentira é que ela precisa de indício de verdade. Tem que aparentar serem verdadeiras as alegações e premissas de forma que o receptor assim como verdadeiras as perceba. Mas como não é verdade, os furos são inevitáveis por pura consequência lógica. E aí o mentiroso tem que inventar uma mentira para ir aparando os buracos deixados para trás na mentira antecedente. Toda mentira necessita de uma outra mentira subsequente.

 

Ainda que seja plausível a quitação fiduciária de R$ 1 milhão (suposta venda do ágio de um apartamento por R$ 2,4 milhões)- de fácil comprovação na Caixa - não fecha depositar R$ 96 mil dessa quitação em espécie em 48 envelopes de R$ 2 mil num caixa eletrônico da Assembléia do Rio de Janeiro, quando esses quase R$ 100 mil poderiam ser transferidos de conta a conta ou em cheque administrativo para não andar com um volume desses no bolso. Ainda mais no Rio.

 

O Zero Um na sua narrativa misturou as duas coisas: o pagamento de R$ 1 milhão sem explicação (anotado pelo Coaf) e os depósitos de R$ 96 mil em 48 pacotes de R$ 2 mil. Não mostrou os documentos ontem à Record porque, segundo ele, a imprensa não era o foro adequado, sem ligar para o fato de que estava ali justamente para as explicações que deverá prestar à Justiça.

 

E agora terá que criar mais narrativas: a Folha de São Paulo desta segunda informa que o Zero Um comprou R$ 4,2 milhões em imóveis nos últimos três anos. Com um salário de R$ 25,2 mil brutos por mês. Diz que é empresário, mas não se sabe qual é o seu negócio. Vai precisar de verdades alternativas adicionais.

 

Com este salário aí bruto (sem qualquer desconto) e não comesse, não pagasse água, energia, telefone, combustível, escola, bebida, não gastasse nada, pouparia, no período de três anos R$ 910 mil. Algo próximo de um quinto do valor do patrimônio imobiliário acrescido. E no mesmo período daquela movimentação de R$ 7 milhões na conta do tal Queiroz.

 

Haja estoque de verdades alternativas

 

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