Dias atrás, o prefeito Carlos Amastha saiu dando entrevistas onde dizia que a criação do Parque Aquícola de Lajeado (pesca profissional no lago) tinha sido autorizada por gestão sua. Ele teria conseguido isso aí, segundo se informou, com a ajuda do deputado César Hallun, do PSD.  A informação foi plantada no mesmo dia em que o ministro da Pesca,  Marcelo Crivela (do PRB),  junto com a senadora Kátia Abreu (também do PSD) e o governador Siqueira Campos faziam o anuncio do fato no Palácio Araguaia. O parque, como se sabe, estava em estudos há seguramente oito anos. Em 2003 já era objeto de projeto na Câmara da então deputada federal Kátia Abreu, depois encampado pelos consórcios municipais, num grande movimento.

Por sinal, nos últimos anos a reclamação era a de que o projeto estava engavetado. Deixou os escaninhos, é fato perfeitamente comprovável,  depois da aproximação da Senadora com Dilma, que determinou, inclusive, ao Ibama, mudar uma instrução normativa, autorizando a criação de tambaqui no Estado.  E porque? Ora, além do conhecido relacionamento interpessoal entre Kátia e Dilma (desde quando a presidente era ainda Ministra das Minas e Energia) há a liderança inconteste da Senadora do Tocantins no cenário nacional (ainda que por aqui essa ficha ainda não tenha caído para os líderes regionais), comandando um setor que envolve cinco  milhões de produtores rurais, perto de 3 mil sindicatos,  empregando 37% dos trabalhadores no país, produzindo 18,30% do PIB (US$ 412 bilhões), tudo isso usando apenas 27,7% da área agricultável. É uma máquina de poder político descomunal.

Aliás, o parque aquícola – a despeito do então tangenciamento improvisado de Hallun e Amastha naquela oportunidade -  era algo previsto já naquele estudo feito pela Eletronorte no final da década de 70. Antes da criação do Estado, portanto. E teve dezenas de parlamentares que por ele lutaram.
Naquele dia do lançamento do Parque na Capital, Amastha esteve na recepção no hall do Palácio, colocado pelo cerimonial atrás dos deputados federais, como de praxe, em mangas de camisa,  e não participou da assinatura do documento, ao contrário dos demais prefeitos atingidos pelo lago e que serão beneficiados com a pesca. Mas saiu, o prefeito, pela imprensa, tentando contabilizar como sua a ação que ali se materializava.


Hoje, seguindo o mesmo método,  informa-se que o deputado federal César Hallun solicitou ao Ministro dos Transportes “providências para a alocação de recursos para a construção do pavimento asfáltico da primeira alça rodoviária da cidade de Gurupi, ligando a parte norte da BR-153 com a BR-242”. Ou seja: a construção do anel rodoviário de Gurupi.  Curiosamente, a informação do parlamentar é divulgada no mesmo dia em que a Empresa de Planejamento e Logística do governo federal fazia apresentação, ali mesmo em Gurupi, do projeto da EPL, justamente para a tal alça viária, a partir de uma gestão da senadora Kátia Abreu e do prefeito Laurez Moreira ao presidente da Empresa, Bernardo Figueiredo, decidida em audiência dos três no próprio gabinete da parlamentar.


Pois é. A mudança do traçado da BR-153 em Gurupi (e demais cidades ao longo da Belém-Brasília) é algo inexorável. A duplicação da BR já foi autorizada pela presidente Dilma Roussef e foi anunciada pela Presidente à Senadora na metade do ano passado (agosto), quando a incluiu no Plano Nacional de Logística e Transportes (hoje coordenado pela EPL e não pelo  Ministério dos Transportes)  - R$ 133 bilhões orçamentários só para rodovias - numa sequência lógica da aproximação da parlamentar do PSD (presidente da CNA e então líder do partido no Senado) e a Presidente. Daí seguiram-se alianças conjuntas que culminaram na aprovação do Código Florestal, do debate sobre os portos, e outras.

A mesma sequência que fez Dilma determinar ao presidente da EPL, Bernardo Figueiredo, a sobrevoar com Kátia Abreu (e a pedido dela), Siqueira Campos e o presidente do Banco de Desenvolvimento chinês o traçado da hidrovia do Tocantins.

Pois é. Político vive de fazer política, claro. Conseguiu benefícios para seus eleitores faz-se necessário, como uma espécie de prestação de contas, apresentar o resultado do seu trabalho. Apesar da situação se constituir  uma inconsistência pois a missão do parlamentar é, pelo que significa, parlamentar. No Parlamento, legislar e não sair por aí atrás de dinheiro. Como se nota, entretanto, o que se vê como inconsistência é o uso desabrido de informações falsas para caracterizar uma ação objetiva. Os dois casos colocados representam um sinal dos dias atuais, onde, na construção de uma eleição (2014) não se importam, os políticos, de praticarem uma espécie de vampirismo do bem. Ainda que o conjunto falacioso de suas tratativas seja facilmente detectado com um simples toque no Google.

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