Mauro Carlesse recebeu ontem representantes da empresa chinesa  China Communications Construction Company (CCCC). O assunto era captação de investimentos para o Estado e oportunidade de negócios aos empresários.O Governador exercendo o seu papel e os empresários o deles.

Nas últimas três décadas um batalhão de chineses e japoneses fez a mesmíssima coisa no Tocantins. Acompanhei muito próximo algumas dessas incursões.Seja de grandes investidores, banqueiros ou embaixadores. Sobrevoam a Ilha do Bananal, o rio Tocantins, Araguaia, Jalapão e o cerrado. Comem do bom e do melhor do que pode ser-lhes servido. Mas como vem, se vão.

Empresário sério não joga dinheiro fora. Muito menos chinês. Relação de troca. O Estado tem logística deficiente e o poder público já convive com renúncias fiscais escandalosas para sua conta-corrente. Os dois principais atrativos dos empresários. E uma energia cara apesar das grandes hidrelétricas, benefício que não retorna ao Estado porque vendida em leilões e, no Tocantins, o ICMS elevado é garantia de receita compulsória.

Há potencial mas os governos não disponibilizam condições para ser explorado. Cortam o Estado duas artérias relevantes: BR-153 e Ferrovia Norte-Sul. O modal rodoviário está esgotado (custo elevado e as ameaças dos caminhoneiros) e a Ferrovia (custo menor que o rodoviário) ainda não está em plena atividade.

A hidrovia do Tocantins (custo infinitamente mais barato de transporte) empacou no Pedral do Lourenço e o porto-seco de Praia Norte (que poderia conceder mais benefícios na produção e transporte) depende da vontade política do governo federal hoje preocupado com a Zona Franca de Manaus.

Considerando que a Norte-Sul e a BR-153 funcionassem a pleno, ter-se-ia outro problema: os produtores e empresários tem dificuldade para levar seus produtos aos dois modais. O governo não consegue fazer (nem manter) uma ponte de R$ 130 milhões (Porto Nacional) que liga a produção à Norte-Sul e a BR, como poderia oferecer logística é uma incógnita.

As rodovias do Nordeste e Sudeste do Estado (onde está grande produção de commodities) estão em petição de miséria. Chineses e japoneses investem em energia e precisam de alimentos. Há algo próximo de 1,5 bilhão de chineses e japoneses para se alimentar.

Temos três grandes projetos de fruticultura: um em Palmas, outro no Sudeste e no Bico. O governo federal chegou a acenar com recursos para uma Central de Abastecimento na Capital que abasteceria a região Norte do país.  Em Porto, no entanto, uma esmagadora de soja passa por dificuldades para processar a soja que agrega valor, com impostos e empregos na produção. A soja do oeste baiano não consegue passar pelas rodovias.

Poderiam investir em vento e sol. Ventos (energia eólica), estudos indicam que o Estado (apesar de propício) não compensaria. A moda é energia solar que, como é notório, gera pouco emprego. E é disso que o Estado mais precisa: emprego.

Sobram, então, os pequenos rios, o pouco da natureza que resta ao Estado. E onde muitos empresários estão ganhando rios de dinheiro com as PCHs, energia mais cara para o consumidor que de UHE. Os empresários faturam milhões com a distribuição que representa 17% da conta que chega ao consumidor. No Estado,outros 33% (25% cobrado por dentro) é ICMS.

De outro modo: desse encontro só sai investimento se o governo conceder mais renúncias fiscais ou reduzir a carga tributária.  E aí, no caso, é retirar de um (que já não tem quase nada) para dar a outro cuja compensação (como é nítido no Estado) não é averiguada nem pelos deputados nem pelo governo.

Culpa de Mauro Carlesse? Não. Do sistema que o governo mantém e que faz do Tocantins um "potencial eterno" que nunca se transforma em riquezas reais que possam traduzir-se em bem-estar da população. Tem saídas? Claro. O primeiro passo é inverter a lógica do governo que hoje é um fim em si mesmo. Passar a investir na logística.

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