Os tributários do delegado retirado da função de confiança em Araguaína continuam repudiando, outros achincalhando, o governo (e a quem mais não os apoie) mas pedindo ao Palácio Araguaia que reveja a decisão.Respeitariam a nomeação e não a dispensa, mesmo que ambas sujeitas mais que às mesmas prerrogativas: às idênticas competências constitucionais.

No final de semana, também uma associação nacional de policiais federais decidiu meter seu bedelho no caso. A pedido de alguém (dos interessados, óbvio), afinal estas coisas não caem assim do nada. Ou seja, virou um movimento. A turma já teria o seu cordeiro imolado, o seu cristo crucificado, seu martir, seu líder. O problema é que há outros líderes, só que com mandato, nas categorias de policiais.

Daqui a pouco, é possível deduzir pela inércia, não duvide, o delegado faz circular nota de agradecimento à população do Estado pelo apoio à defesa da permanência de sua gratificação de função e do cargo comissionado, de nomeação política como o é o de Secretário de Segurança Pública, de Ministro da Justiça, de superintendente da Polícia Federal, enfim.

Evidente que na lógica em curso, seria mais producente aos agentes que o governo não os retornasse e permanecesse no consciente popular a ternura plena indignada e aviltada, da truculência que considero policiais divulgarem inquéritos sem que estejam formadas a culpa e provas.

Ou seja: para o governo, se fosse dado a raciocínios, seria mais vantagem retorná-los porque reduziria seu poder político ao que ele deveria ter. Invertendo, na população manejada, o papel político de vítima. Isto porque, institucional e politicamente, a vítima já é indiscutível. Mas o governo, tão passional quanto o movimento, não o fará.

O agente público (ainda mais policial) não tem a licença concedida pela liberdade de expressão para publicitar o que pensa sobre o que investiga sem a devida comprovação técnica. Não pode especular sobre crimes por óbvio: representa a lei e a ordem, anda armado.

Não me incomoda a truculência das redes sociais. Estes mesmos delegados que parecem enxergar no blog adversário, tinham-no como praticamente única opção de defesa na ocorrência de ilegalidades que os atingem como nas ações da Polícia Militar no governo Marcelo Miranda, quando PMs invadiram uma delegacia porque um delegado investigava legalmente policiais militares. Ou mesmo no atentado praticado por policiais contra um delegado de Colméia, em plena luz do dia em Guaraí. Levei chumbo (não literalmente, viu gente) da PM e flores dos delegados civis.

Ambos os casos truculentos como o são ações de jovens delegados, não só aqui (um dos efeitos da idiossincrasia dos operadores da Lava-Jato, de Sérgio Moro, agora ministro)  que a vaidade lhes impulsiona à pressa e ao cometimento de deslizes, sugerindo finalidades mais de holofotes que  de prestação de serviço pelos quais são remunerados pelo poder público.

E não precisa ser operador de direito para deduzir que tais falhas favoreceriam os supostos investigados em suas defesas técnicas, proporcionando não o combate ao crime, como propalam os seus defensores, mas o livramento dos supostos acusados. Em favor da audiência política dos agentes.

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