O secretário da Administração, Edson Cabral, tem feito contorcionismos retóricos e numéricos para refutar o aumento dos gastos do governo com salários. A escalada de contratações é exposta diariamente no Diário Oficial. À vista de qualquer um.

O Secretário é um técnico competente, não tem registro de atacar os princípios da administração pública. De vez em quando, intuo que atiçado, vai para o ataque, na defesa do indefensável do governo.

Em entrevista ao T1 Notícias (da jornalista Roberta Tum) nesta terça, esgrime que teria ocorrido redução de gastos (em resposta ao Sindicato dos Servidores). Pela sua régua, uma queda de 2,54%.  E como: 57,89%/dezembro de 2018 – 55,35%/abril de 2019.

Na aritmética, na verdade seria uma queda de 4,3% e não 2,54%. O Secretário confundiu novamente 2,54 pontos percentuais com 2,54%.

Para quem lida com grana, não é pouca coisa. Quer ver? 57,89% X R$ 7,1 bi (a RCL de dezembro) resultam em R$ 4,1 bilhão. Já 55,35% X R$ 6,7 bi (a RCL ajustada usada no cálculo em abril/2019) é R$ 3,7 bilhão. Na conta do governo, nos tais 2,54%, a diferença seria apenas R$ 10 milhões de redução. No real, nos 4,3%, seriam R$ 176 milhões!!!! E se apenas fizermos a equação R$ 4,1 bi - R$ 3,7 bi = R$ 400 milhões a menos.

Mas vejam só: essa receita corrente líquida ajusta usada no cálculo (R$ 6,7 bi) é menor que a receita corrente líquida normal do primeiro quadrimestre: R$ 7,3 bilhões. Se fosse essa a base de cálculo, teríamos um gasto (55,35%) de R$ 4,040 bilhões contra os registrados R$ 4,072 bilhões de dezembro de 2018.

Há como se nota aí, uma diferença, nas contas do governo, de algo próximo de R$ 30 milhões entre dezembro/2018 e abril/2019. É que o governo lançou no seu balanço publicado em 30 de janeiro de 2019 no Diário Oficial que gastou no terceiro quadrimestre de 2018 um percentual de 56,67% e não os agora proclamados 57,89%. Aumentando o índice de dezembro, eleva-se também a diferença comparado com abril/2019. Feitiçaria pura.

No segundo quadrimestre (que fecha em agosto) este número deve saltar para mais próximo de 60%. No www.transparencia.to.gov.br as despesas com pessoal espocaram depois do primeiro quadrimestre. Passaram de R$ 489 milhões (abril) para R$ 589 milhões (maio) e R$ 492 milhões (junho). De janeiro (R$ 364 milhões) a junho (R$ 492 milhões) uma elevação de R$ 130 milhões na folha. O resto é malabarismo contábil.

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