Essa denúncia do Ministério Público Federal contra empreiteiros na Operação Ápia dá bem a idéia de como o Estado foi expropriado pela bandalheira. E de forma descarada. O MPF aponta desvios de R$ 225 milhões, como informou com exclusividade a TV Anhanguera/Globo. Neste mesmo período, no governo Siqueira/Sandoval, abriu-se outro buraco de R$ 1,2 bilhões no Igeprev com aplicações nos fundos podres. Aplicações de inequívoca má-fé e indutora de mais desvios de recursos públicos.

Os empreiteiros e políticos envolvidos tem suas argumentações contrárias. Mas as evidências de roubo de dinheiro público eram transparentes. Apontei isto aqui na época. Ora, desviar recursos de empréstimos ou vinculados para lama asfáltica em ano eleitoral é malandragem pura.

Neste período aí, Eduardo Siqueira era o manda-chuva do governo (ele próprio não escondia isto) e, segundo o MPF, o chefe do esquema. Pode dizer (como já disse) que não tem nada com o pato. Mas não foi denunciado agora (conforme os próprios procuradores) porque tem prerrogativa de foro no TRF. Siqueira e Sandoval já são réus.

Ações na Justiça não são declaração de culpados. É apenas uma investigação que levará a uma sentença que os absolva ou os condene. Há defesas. Mas o esquema montado induz a roubalheira com um empréstimo de R$ 1,2 bilhão do BNDES que a população está pagando. Dinheiro que saiu do governo e entrou em outro bolso.

Sandoval, por exemplo, nomeou secretário, um cunhado, dono das máquinas que o governo alugava. O secretário pagava o aluguel para sua própria empresa. E mandava fazer as obras. Depois o colocou à frente das obras e, após, na coordenação de arrecadação da própria campanha à reeleição!!! Ou seja, sem deixar a agência de obras que contratava as empreiteiras, coordenava a arrecadação de grana para a campanha. Um absurdo sob qualquer ponto que se observe.

Tudo isso aí, como sempre, sem qualquer resistência dos deputados, os que tinham delegação da população para defender seus impostos dos ladrões de dinheiro público.

E tudo parece continuar igual no núcleo político do governo e na outra ponta de empresários inescrupulosos. Mauro Carlesse, portanto, deveria ficar de olho no empréstimo de cerca de R$ 700 milhões que quer contrair com a Caixa e Banco do Brasil. Ali, a grandissíssima maioria da grana é destinada justamente a lama asfáltica. Parte diretamente para deputados e prefeitos.

É óbvio que exigira investigação os motivos pelos quais o seu governo contratou uma empresa para coleta de lixo hospitalar (de propriedade do pai do líder de seu governo na Assembléia), sem licitação, preços acima do mercado, sem atestado de capacidade técnica e sem licença ambiental do Naturatins pela bagatela de R$ 10 milhões. Tudo, também, no nariz de deputados, TCE e MPE.

Esse moto-contínuo, tudo indica, vem desde a criação do Estado. Agora está apenas sendo demonstrado e investigado pelo Ministério Público Federal. Os políticos e empresários que fizeram fortuna com desvio de recursos público de uma população onde 55% situam-se na pobreza ou extrema pobreza continuam operando. E eles não operam sem o Executivo e Legislativo.

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Ponto Cartesiano

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