A primeira reação à eleição de Marcelo Miranda para comandar o MDB no Estado dá sinais de que o partido acerta mais que erra, do ponto de vista pragmático, nas atuais circunstâncias, ao escolher o ex-governador para reagrupar os emedebistas. Quando descobrirem que Marcelo Miranda pode até ter um salário para presidir o partido, como permite a lei, vai ser um Deus nos acuda. Um carimbo do golpe sentido. Uma reação passional e como tal tendente a causar mais estragos,  dependendo da leitura, assimilação e estratégia de enfrentamento. A decisão política de emparedar Marcelo arguindo suspensão de direitos políticos (pelo TSE/STF/Marcelo não foi condenado criminalmente com sentença transitado em julgado,  apenas eleitoral) revela-se, com efeito, estrategicamente falha por inexistência de fundamento legal, o que empresta-lhe o papel de reacionarismo primário. E de uso de subterfúgios para mobilizar a opinião pública, manejando por premissas falsas. Tanto a lei dos partidos (Lei 9096) como a lei da ficha limpa (LC 135) não contém qualquer proibição neste sentido. Pelo contrário: a lei dos partidos estabelece sua condição privada. Realçada pela lei 13.488/2017 que dispõe textualmente que partidos não se equiparam sequer a paraestatais. E não poderia ser diferente. Já imaginou o poder público determinando condições para eleição de presidentes de sindicatos, associações ou clubes de futebol, muitos deles beneficiados com subvenções. Seríamos uma República do peleguismo. Os partidos tem também receitas privadas. Evidente que, do ponto de vista da moral comum, o bom senso indicaria mais prudência ao MDB e uma espécie de mea culpa afinal a Justiça  cassou o seu governador pela segunda vez consecutiva. Entre o senso comum e a razão, o partido optou pela segunda dada a necessidade de reerguer-se e não teria melhor alavanca à disposição que o ex-governador. Mera relação de custo benefício de que não é expediente de que faz uso apenas pelo MDB. Uma decisão racional. Para o Estado é bom que o MDB retome o papel de oposição que seus deputados omitem no Legislativo. A hegemonia do Executivo sobre os parlamentares e sociedade política, favorece arbitrariedades e outros desvios pela inexistência de fiscalização técnica e política. Indiferente à resistência (mas por ela impulsionado) Marcelo monta uma agenda para o Estado. Disse a este blog na noite de ontem que vai percorrer todos os municípios.  Na próxima sexta já estará em Xambioá para eleição do diretório. Serão, segundo ele, reuniões quinzenais e mensais. Na semana passada, esteve em Buriti e Araguaína. Disse pretender estabelecer  coordenações regionais. O deputado Jair Farias (Bico), Elenil da Penha e Jorge Federico (Norte), Nilton Franco (Centro) e Valdemar Junior (Sul). "!Vamos oxigenar o partido, a receptividade está muito boa", salientou ao blog dizendo-se ainda surpreendido com o apoio a seu nome e a disposição dos emedebistas. "O MDB é um partido de chegada", realçando a importância da "chegada" do senador Eduardo Gomes."Muito bem recebido pela cúpula do partido, soma muito".

Como diria Zagalo (ex-técnico da seleção brasileira): vão ter que aguentar.

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