Não há dúvida de que essa denúncia do Ministério Público Federal do DF (e aceita na sexta,8, pela Justiça Federal) pode piorar a situação dos gestores do Igeprev no Estado, já às voltas com suas defesas nas aplicações irregulares de R$ 1,2 bilhões.

Na denúncia, o MPF acusa que um dos operadores do esquema (que teria desviado R$ 348 milhões de fundos de Previdência através do BRB), Henrique Leite, mediante a intermediação do pai, Henrique Neto, teria exigido o pagamento de R$ 2,5 milhões de propina a Ricardo Rodrigues para aporte de R$ 35 milhões pelo Igeprev. Ou seja, por aplicações de R$ 35 milhões do Igeprev o grupo pagou uma propina a outro operador.

"Para realizar o pagamento, que foi feito em dinheiro em espécie,RICARDO RODRIGUES recorreu a FELIPE CALIL, que auxiliado por seu filho,FELIPE FILHO, utilizou a empresa MINISTER para a emissão de duas notas fiscais falsas (15116 e 15146) de valores R$ 1.700.000,00 (22/08/2014) e R$ 1.552.980,00 (04/09/2014)". Aponta denúncia. Como é notório, alguém prometer uma aplicação de R$ 35 milhões (do Igeprev Tocantins) por uma propina de R$ 2,5 milhões (e a receber) indica que teria influência naquele que seria o responsável no Igeprev Tocantins por decidir pelas aplicações dos ativos do fundo. E a recebendo, lógico que teria conseguido influenciar o gestor a fazê-lo ainda que as circunstâncias (e a legislação) sugerisse mais prudências que providências. Em 2014, época dessa aplicação, a questão do Igeprev/Operação Miquéias, já estava em curso. O MPF detalha o funcionamento do esquema: Trata-se de uma corrida de revezamento, cada um passando o bastão à frente. O gestor identifica a oportunidade de negócios mediante pagamento de propina. O setor de operações estruturadas recebe um pedido, que é registrado no sistema drousys. Logo em seguida, a demanda é encaminhada a CLARET e BARBOSA, que a inserem no sistema "ST", fazendo o ajuste contábil com outros doleiros que possam fazer a compensação. Escolhido um doleiro, ele se encarrega de levar o dinheiro ao local indicado. O desconhecimento do todo favorecia o esquema criminoso. Caso houvesse o comprometimento de qualquer parte, garantia-se que o todo continuaria sem se comprometer o todo. Cada elemento era uma parte da engrenagem que seria facilmente substituída sem que as autoridades pudessem desmontar todo o esquema.

Em tempo: o Igeprev hoje para pagar aposentadorias e pensões está sacando dinheiro de suas aplicações (ativos no BB e na Caixa). De 2015 a 2019, o gasto mensal com aposentadorias e pensões passou de R$ 26 milhões para os atuais R$ 90 milhões. Déficit escancarado.

 

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