A prefeita Cíntia Ribeiro teria demitido (diz-se) 1.200 comissionados, trocou secretários nomeados ainda por Carlos Amastha e a conclusão tosca imediata do senso comum é a de que teria rompido como ex-prefeito por substituir nomeados de confiança de sua administração.
As decisões da prefeita, no entanto, escrevem uma narrativa contrária. Ao fazer uma minirreforma e demitir comissionados antes do Palácio Araguaia, Cintia Ribeiro está impondo ao governo Mauro Carlesse o mesmo predicado grudado por Carlos Amastha em Marcelo Miranda.
Ou seja, é o dedo de Amastha nas mãos de Cíntia apontando para seu adversário de 2018 e o maior cabo eleitoral do seu próximo combatente em 2020 e 2022. Tanto nas eleições municipais quanto estaduais.
De forma que também Amastha faria a mesmíssima coisa em circunstâncias tais: demitiria e reformaria o secretariado. Governa-se, em larga medida, fazendo uso desse desconforto interno na administração pública até como instrumento político de controle.
Carlesse, ao contrário de Cíntia, tem aproveitado secretários e titulares de órgãos da administração direta e indireta da administração de Marcelo. Não só manteve alguns como chamou outros de volta postergando uma reforma administrativa. E esticado a corda para demitir comissionados e fazer um ajuste fiscal decente.
O Governador pode até mudar secretários e demitir servidores. Mas o fará, agora, depois de Cíntia Ribeiro. E, lógico, de Carlos Amastha, o maior cabo eleitoral da prefeita daqui a dois anos. Cíntia, assim, muda a cara da administração (que vinha do ex-prefeito), na verdade, para preservar o ativo eleitoral do ex-prefeito.
Para ambos, é bom que a parceria seja mantida. Mas para que dê resultados, ao contrário, é contraproducente que aparente serem parceiros siameses. E, aí, a dedução do senso comum de que estariam trincados, favoreceria também aos dois.