A descoberta de lixo hospitalar numa fazenda cuja propriedade é atribuída pela Polícia Civil ao deputado Olintho Neto é mais um ato desse teatro de horrores no Estado.

A Polícia está literalmente "cavoucando" provas. Só que, até agora, apenas de crime ambiental, favorecendo a defesa dos, por enquanto, apenas investigados.

Assim como a propagação pela imprensa (evidente que com o auxílio de policiais que o apontaram) de santinhos do deputado em meio ao lixo enterrado, forçando a barra no consciente popular para uma suposta conexão entre o lixo enterrado e a campanha eleitoral!!!

Desta forma exposta pelos jornalistas (sem a devida explicação), a imprensa estaria contribuindo para a formação de provas para um crime até então não existente (ou aventado no caso) por pura ilógica material a partir dos fatos até agora vindos a público. E que poderiam, pela apelação popular, serem apontados, favorecendo o viés dedutivo e indutivo dos investigadores.

Ou: o deputado estaria fazendo campanha eleitoral no caminhão cheio de seringas, esparadrapos ensanguentados e bactérias. Uma implausibilidade que interessaria sua prospecção e propagação apenas à defesa dos investigados dada a improbabilidade racional de que assim fosse, abrindo brechas a questionamentos sobre fragilidades processuais.

Essa linha de investigação (ainda que necessária) termina direcionando o inquérito para a prática de crime ambiental, prejudicando apuração de algo maior de que o contrato de coleta de lixo hospitalar é apenas uma ponta: a roubalheira sistêmica de verbas da saúde pública no Estado em praticamente todos os governos que passaram pelo Palácio Araguaia.

Não sem o consentimento comissivo ou omisso de deputados e, não raro, do Tribunal de Contas. E que se note: há menos de três anos o Ministério Público Federal abriu uma investigação para apurar eventuais desvios de verbas da saúde da ordem de R$ 3 bilhões.

Ainda que a Procuradora da República tivesse misturado o valor envolvido nos contratos com os supostos desvios, já era, por si só, uma cifra escandalosa. A prática, entretanto, não sofreu qualquer alteração de aceleração. Nem de percurso.

Decerto os deputados estariam sendo incompreendidos por decidir  diminuir a verbas da saúde no próximo ano (de 50% para 25% de suas emendas) passando de R$ 38 milhões para R$ 19 milhões na LDO 2019: estaria reduzindo a grana para combater os desvios!!!Num orçamento de R$ 1,5 bilhão (2018) da saúde estadual.

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