Se confirmada nas urnas a pesquisa Ibope para o Senado, a população do Estado estaria pouco lixando para esse negócio de patrimonialismo, coronelismo, patriarcalismos e outros ismos de representação. Seria, portanto, na prática, contraditória ao que pregam seus representantes, seja na sociedade política ou civil. E os próprios princípios aplicáveis à representação popular.

A possível eleição do deputado federal Irajá Abreu ao Senado (como indicaria Ibope) – 20% empatado com Vicentinho Alves, candidato à reeleição -  onde já tem mandato sua mãe, a senadora Kátia Abreu, até 2022 (podendo ser reeleita), é algo inédito no país e que, por certo, será amplificado em rede nacional.

E que se note: nestas eleições, o princípio não está só nos Abreu: é extensa a lista de políticos com mandato que estão fazendo da representação uma capitania hereditária. Outros pior ainda: não se contentam em apenas deixar a herança para irmãos, filhos, noras e genros. Lutam para aumentar sua propriedade com a busca de acrescer novos mandatos à família. Aumentar o valor da herança.

Um anacronismo por sugerir estar a população ainda no século passado, no coronelismo, enxada e voto, se considerarmos as deficiências de conhecimento (analfabetismo) e as taxas de pobreza e extrema pobreza da população do Estado (indutoras de deduzível troca-troca) que a sociedade política promete a cada quatro anos eliminar com suas propostas de araque. Isto porque não é crível, em condições normais, num Estado (país) de representação plural, não seja passível, tal situação, de massa crítica principial.

Ainda que seja um direito do deputado e família reivindicá-lo (e a Constituição da República o permita) é inusual um Senado (com 81 senadores do país), que representaria em condições de igualdade e pluraridade os Estados (são três parlamentares por unidade federativa, independente de população/economia/eleitores), dedicar-se 70% de uma representação estadual a um mesmo grupo familiar.

Se fosse no Estado de São Paulo, com seus 33 milhões de eleitores, a família seria representante de 23 milhões de eleitores. Ou 30 milhões de pessoas (de um total de 44 milhões de habitantes do Estado de São Paulo),com tudo que mais lhe acresce: emendas parlamentares,recursos,poder político, poder de decisão sobre orçamentos e população de que podem fazer uso de forma discricionária.

Daí o princípio da necessidade de pluraridade na representação a que os eleitores (pela pequisa) democraticamente (ou induzida pelas circunstâncias) está a dizer não.No Tocantins, com seus 1 milhão de eleitores, teriam a representação de 700 mil votantes. Ou de um milhão de almas (dos 1,550 milhão) que moram no Estado.

Nem Siqueira Campos (ainda processando as críticas pela dupla renúncia), com o mesmo direito, ousou dele fazer uso. Aliás, foi execrado, com boa dose de razão, por parte da população, setores da classe política e movimentos sociais pela suposição de que seria candidato ao Senado para dar ao filho, deputado Eduardo Siqueira, o cargo de suplente.

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Ponto Cartesiano

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