Demoro mas chego. É claro que é uma indecência a CPI do PreviPalmas responsabilizar a Caixa pela aplicação de R$ 50 milhões feita pela diretoria do instituto em fundos podres. E pedir à Instituição que devolva a grana. Contrariando o próprio relatório da tomadas de contas do PreviPalmas que concluiu que os investimentos não poderiam ter sido feitos considerando o "risco operacional e o risco de mercado".

Mais: ignorando que (como você lê aí em cima) no relatório da Comissão de Processo Administrativo Prévio, criada pela portaria PreviPalmas/GAB nº 98, de 13 de junho de 2018,  constatou-se que a operação foi autorizada/determinada pelos gestores do fundo.

Uma decisão que tem consequências: a possibilidade de impunidade de gestores públicos que aplicaram R$ 50 milhões de servidores em fundos podres. Dinheiro que, na prática, não existe mais.

E o presidente da comissão o declarou sem a menor cerimônia, como lhes atribuem portais de notícias. Dando ao achado, a certeza de ter encontrado a direção na apuração dessa eventual roubalheira que se possa deduzir das aplicações. Ignorando solenemente todas as relações já conhecidas e todos os desvios já promovidos pelos mesmos investidores (o Igeprev e seu prejuízo de R$ 1,2 bilhão estão aí).

Só faltou sugerir que a Caixa estaria recebendo "bola" para mandar o dinheiro do PreviPalmas (que dependeria do comando do fundo) para fundos reconhecidamente podres e fazendo aplicações acima do permitido pela legislação do Banco Central.

Fico a imaginar um banco dizendo não ao cliente na sua decisão de, por exemplo, mudar sua grana para outro banco. Ou expulsando depósitos sem o seu consentimento. Nos 20 anos que fui servidor concursado da Caixa Econômica Federal como gerente de Comunicação Social em Goiás e depois Tocantins nunca vi algo semelhante e, claro, não ocorreria sem as devidas punições disciplinares internas ou do Banco Central a que é subordinada.

A Caixa não é órgão público. Não é tutora de administradores e administrações públicas. É um banco. É uma empresa pública mas submetida, como banco que é, ao direito privado. E depósitos são propriedades do depositante. Além do mais, não é assessora de governos e prefeituras o que dirá de regimes próprios de previdência.

A declaração, não resta dúvida, dá fundamento aos raciocínios de que a CPI do PreviPalmas estivesse mais em busca de defesa dos acusados do que de responsabilizar os autores desse desfalque escancaradamente público.

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Ponto Cartesiano

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