A OAB do Estado decidiu, informa a própria entidade, criar uma comissão especial de acolhimento e acompanhamento das denúncias de assédio sexual e moral no Corpo de Bombeiros. É uma decisão decente e relevante porque retira a discussão do ambiente em que estava circunscrita sob maniqueísmos diversos e a submete ao escrutínio da sociedade pela OAB representada.

A Ordem, certo modo, vai na direção contrária do governo e do CB que, na absoluta falta de vontade política prática de investigar as denúncias, apontava o dedo para as supostas vítimas. Pior: demonstravam que, entregando um cargo na Corporação (como propuseram na quarta) para direção feminina ao invés de apurar os casos - naquele depois disso por causa disso - estariam atendendo as policiais.

Na tese, elevação de salários e funções anulariam ou negariam o crime, caso comprovadas as denúncias. Com cargo ou sem cargo, as mulheres policiais seguiriam ao mesmo viés de paciente do desrespeito impulsionado pelo uso abusivo (e criminoso) do princípio da hierarquia militar. Mas não é porque o galo canta que o sol nasceria.

O problema é que não estão em jogo apenas as mulheres do Corpo de Bombeiros. E sim a civilização e o estado de direito. No Corpo de Bombeiros ou em qualquer escritório, na rua ou nas residências, assédio moral e sexual são crimes previstos em lei. Devem obrigatoriamente ser investigados e os supostos criminosos, punidos. E bombeiros não são pessoas inimputáveis. Não são apenas as mulheres bombeiras interessadas. É o estado de direito.

O Comandante do CB, como é notório, já foi abandonado pelo governo dada a carga explosiva das denúncias. O governo ao mandar o Secretário de Comunicação na reunião de quarta (e não o Secretário de Segurança ou Delegado Geral) sinalizou que está mais preocupado com a repercussão do assunto que com o fato em si e isto se daria porque dele não tem controle.

O correto seria dar transparência às investigações e não fazer investidas em negá-las com estratégias mais políticas que técnicas. Até mesmo nisso, uma ação inócua porque a Comunicação não tem poder de controlar a amplificação das denúncias.

Nada mais eloquente que a argumentação schopenhaueriana do Comando às bombeiras na reunião de quarta sugerindo que haveria denuncismo, aparentando falta de argumentos. Uma fundamentação tosca para afastar ou colocar sob suspeita as denúncias submetendo-as a uma categoria odiada (denuncismo), ainda que enfrente manifesta incoerência com os fatos apontados pelas denunciantes.

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