As pessoas sempre concedem livre acesso ao despotismo. Uma explicação razoável é que, assim, mantém a expectativa de que serão tratadas com consideração. Há exemplos aos montes na história. Já passado dos 50 não me iludo com argumentos falaciosos. Se há uma proposição, vou logo na direta: me convença e com conectivos lógicos. Por derivação, segue-se: a quem interessa.?
Neste contexto,
o prefeito Carlos Amastha tem cuidado dos
jardins na mesma proporção que investe contra a ordem colocada. Não
remeto à ordem, no sentido de submissão hierárquica ou de contemplação a uma
certa horizontalidade fincada no continuísmo, ainda que se tenha projetos
distintos (os avanços são produtos das diferenças). Mas ao desrespeito às
instituições e a princípios, tanto pessoais como de administração pública.
Somente ele, como prefeito, é responsável pela declaração
(matéria principal do Jornal do Tocantins desta terça) do secretário de Saúde,
médico Nicolau Esteves. O secretário, declarado candidato do PT ao governo (e que ocupou toda a propaganda
partidária do PT na semana passada) foi flagrado contratando cinco ambulâncias ao custo de R$ 500/dia, completamente
inservíveis, para substituir outras
ambulâncias públicas que se encontram sem condições de uso nas oficinas e
garagens. E saiu-se com esta: Não sei como escolhi essa empresa. Ainda
no JTO, questionado sobre os
critérios da escolha da empresa A+ Master Service, desconversou: É
informação muito privada.
Pergunta
óbvia: se o Jornal do Tocantins e a TV Anhanguera não tornassem público mais
esse despropósito, o contrato seria mantido?
Que negócio é esse do Secretário, pago com recursos públicos
para administrar recursos do público, vir à patuleia sonegar informação com o argumento de ser
privada.
Como se nota, o Secretário contratou (sem licitação e cuja escolha ele
informa ser algo privado) cinco ambulâncias ao custo de R$ 75 mil mês (R$
500 dia/cada veículo). Pelo valor que seria pago a ambulâncias sucateadas, a
cada dois meses de contrato, acrescentar-se-ia uma ambulância nova ao patrimônio da
prefeitura. É mole???? E olha que Nicolau está a apenas um mês na Secretaria (tomou posse
em 13 de junho).
O que mais ali seria privado?
Em qualquer lugar do planeta, uma situação dessas com explicações do tipo, dadas por um servidor público sentado em cima de dinheiro do contribuinte, seria motivo de demissão, com a consequente abertura de um inquérito para investigar se outras decisões da prefeitura estariam sendo tomadas tendo o método de Nicolau como régua. Assemelha-se à mesma medida que o fez aceitar ser secretário de Saúde do Estado, mesmo que, como empresário, proprietário de faculdade, mantivesse contrato com o governo e neste, como secretário, tivesse entre suas competências efetuar os pagamentos e realizar cobranças relacionadas ao seu próprio empreendimento privado.
O PT está bem de candidato e o prefeito muito bem assessorado para os padrões que tem defendido, com sua praxis, na administração pública. Nada que este blog não tenha antecipado, diante dos conceitos emitidos pelo colombiano na campanha e que a acadimia e os chamados partidos progressistas encamparam como uma política, ainda que na negação da política com que se armou o então candidato para enfrentar os tais políticos. Falta, entretanto, combinar com a legislação e a turma do andar de baixo que, no refluxo, pode vir a seguir uma corrente contrária na mesma proporção.