Por que será que o leitor deste blog não se surpreende com a notícia dada em primeira mão pelo jornalista Lailton Costa, na coluna Antena Ligada, do Jornal do Tocantins nesta quarta dando conta de que o Ministério da Ciência, Tecnologia e Comunicações indeferiu o pedido de transferência da outorga de rádios FMs (Natividade e Araguatins) da RedeSat para a Unitins?

Desde o início do processo de desmonte da empresa de comunicação do governo, aponto aqui que o problema não era custo, programação ou de natureza técnica. E sim econômico e político. Para viabilizar um comando, governo e deputados estavam errando a mão, atropelando tudo pela frente sem importar-se com consequências.  E que o governo poderia enfrentar problemas com  outorgas. Talvez, depois de seus profissionais, o maior patrimônio da empresa num setor disputadíssimo (tanto econômico como de marco legal e estratégico) que é a comunicação.

O Ministério abortou uma estratégia em curso da qual as novas rádios FMs são apenas mais uma das pontas.Ainda que o governo possa arguir que não deu certo seu projeto de desmonte da RedeSat (que reivindica ser  entendido como benéfico) por causa da negativa de transferência de outorga da RedeSat para a Unitins, a medida é saneadora. Não vou nem entrar no mérito da negativa que responde, em larga medida, de como as coisas tem sido levadas.

O governo pode argumentar  que o objetivo é o fortalecimento da Unitins. Só que isto está sendo feito à custa do desmonte da rede de comunicação do Estado. E que se note: a Unitins é uma fundação. O desmantelamento da empresa de comunicação pública favorece, por pura lógica, as empresas privadas de comunicação. Servidores da própria Unitins denunciaram ontem a este blog a situação dos equipamentos da emissora que estariam em processo de sucateamento. Está tudo parado.s Dívidas se amontoam.

O desmonte,como mostrou este blog no ano passado, teve início no atual governo, mais imprudente no comando da empresa de comunicação do Estado, acusada de ter sido utilizada até para gravação de programas eleitorais. O governo fez duas mexidas relevantes no ano passado. Na primeira, mudou a programação da Rádio 96 FM. A mudança resultou, em apenas 30 dias, na queda de audiência da emissora, saiu do primeiro para o 3º lugar. Menos audiência, menos faturamento. O deslocamento dessa audiência para as emissoras privadas, também por lógica, transferiu o faturamento.

Na sequência, o governo  mudou o nome da Rádio (entregando a diretoria da empresa a um aliado então proprietário de rádio e tvs privadas) influenciando, assim em todo o marketing da emisssora que já caminhava para o auto-financiamento. Ou seja: financeiramente seguia para sua autonomia, objetivo que imagina-se deveria perseguir qualquer governo. Menos de seis meses após, já com o projeto de desmonte em estágio avançado, deu o golpe  fatal: a transferiu para a Unitins onde hoje se encontra nos corredores.

A decisão do Ministério, portanto, contribui para expor e amplificar o método, possibilitando abertura para debate sobre meios e finalidades. Algo que governo e deputados negaram até agora à sociedade pagante.

 

 

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