É estupefaciente a cara de pau  de Sérgio Moro e Deltan Dallagnol reclamando a falta de contraditório após a reportagem do Intercept.com. Expediente que não concedem a suas vítimas escolhidas quando expandem investigações e investigados sem qualquer preocupação. Não raro divulgam supostos crimes e investigações antes mesmo que o acusado (vítima) tenha conhecimento da denúncia.

Moro teria sugerido ao procurador da República trocar a ordem da Lava-jato, cobrado novas operações, dado conselhos estratégicos e pistas de investigação, sugeriu recursos,deu broncas e antecipado sentenças aos procuradores. Um estupro ao estado de direito.

Juízes, como é lógico, não podem orientar promotores/procuradores por uma simples razão: estariam auxiliando uma das partes do processo, o acusador, que na outra ponta tem o acusado. Ao orientar o Ministério Público em investigação de fato que irá julgar, o juiz está tomando um lado em detrimento de outro. Deixa de ser julgador, abandona o papel de moderador pelo qual é muito bem pago. Está muito claro na Constituição de 88, ainda em vigor.

Há muito a Operação Lava-Jato vem fazendo barbaridades com a lei, estabelecendo suas próprias regras e pior, com o apoio da maioria da população que ignora a gravidade de deixar de lado os dispositivos legais para fazer justiçamento, se lixando para a Constituição e os Códigos de Processo Penal e Penal.

E, mais grave ainda: fazer uso disso para a sustentação de projetos político-ideológicos de poder, como ficou explícito nas gravações vazadas. Desejavam, sem o concurso das eleições (e pagos pelo contribuinte) mudar as leis e o Congresso.

Um partido da Justiça Federal/PGR/PF. Ainda que representassem exceções, suas movimentações ganharam o apoio político explícito das ruas como desejavam e não se intimidaram de expor nas gravações no celular. Algo horripilante porque demonstra o uso particular do poder Judiciário, o fiador da democracia e da segurança nas relações da sociedade.

Fica-se sabendo agora que os procuradores tinham dúvidas acerca do crime que teria sido perpetrado pelo ex-presidente Lula (e que foi condenado). Ou seja, apresentaram denúncia sem provas e o juiz o condenou, lógico, também sem provas.Conversam até sobre o gogó para justificar a condenação sem  provas.

Os procuradores falavam abertamente sobre seu desejo de impedir a vitória de Lula. E o que dizer do vazamento da nomeação do ex-presidente a ministro de Dilma. Uma ação, pelas gravações, tramada entre Moro e Dallagnol com discussões sobre desdobramentos políticos. E o vazamento extemporâneo da delação de Pallocci às vésperas das eleições do ano passado?

Vamos ver agora como se comportará a PGR, STJ e STF diante do que as gravações expõem: uma espécie de quadrilha paga com recursos públicos para montar seus projetos políticos pessoais e tomar de assalto o Congresso, o estado de direito e a democracia brasileira. Com ramificações nos Estados, como é prova a conduta de setores do Judiciário, promotores e delegados, nos desvios de autoridade quando a autoridade é a lei. E não os cargos que ocupam e na qual estão investidos.

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