A dar credibilidade à versão da PM à abordagem ao veículo da prefeita Cíntia Ribeiro, que era acompanhada de segurança da Guarda Municipal (com sirenes ligadas, retirada dos GMP dos veículos com as mãos para o alto), a população teria motivos para se preocupar ainda mais com saídas às ruas.

A Corporação (informa o jornalista Lailton Costa na coluna Antena Ligada desta sexta) teria, em nota, justificado que seria um Procedimento Operacional Padrão. E que a PM havia recebido uma denúncia de veículo com as mesmas características em atitude suspeita.

Conclui-se (na boa fé) que: ou o veículo estava sem placas, os policiais não tiveram a curiosidade (ou procedimento) de pesquisar a placa pelo rádio (como seria prudente/padrão nas abordagens), não estavam com o rádio ou pelo menos um celular para a averiguação (e que se note: a prefeita tem prerrogativa de foro). Ou não foram informados (ou não se preocuparam na PM) sobre a placa do veículo utilizado pela prefeita da Capital do Estado há mais de seis meses.

Vamos dar mais uma canja: sabiam de tudo isso aí e concluíram que a prefeita estaria sendo sequestrada e levada para sua própria residência, o trajeto da perseguição ao veículo "suspeito". Pode ser também que não tinham conhecimento do endereço da prefeita da Capital do Estado.Vá, lá:o pessoal da inteligência estava tirando folga porque ninguém é de ferro e a Constituição assim o determina a policiais. E não haveria plantão.

Se tudo isso aí fosse verdadeiro e conhecido pelos policiais e Corporação, as circunstâncias - para dar algum sentido lógico e institucional à ação - induzem ao raciocínio: os PMs teriam não seguido apenas um veículo semelhante à denúncia de atitude suspeita. Teriam desconfiado (como sugerem os fatos narrados) da própria movimentação da prefeita e dos guardas metropolitanos (como um cidadão qualquer flagrado em evidências/atitudes suspeitas que a polícia teria razões de segurança para abordar na forma como teria se dado) e desenvolvido a ação com suas narrativas próprias. A dois dias das eleições em que o ex-prefeito (do qual a prefeita é uma das principais aliadas) disputa o governo.

Mais não bastasse: um dos policiais da ação da PM é ex-presidente da Fundação Municipal de Esportes na administração de Carlos Amastha, acusado de desvios de recursos públicos (prejuízos estimados em R$ 10 milhões/Operação Jogo Limpo) e que já fora denunciado em 2015 pelo Ministério Público Estadual por crimes de sequestro, tortura e homicídio.

Esse não é o procedimento operacional padrão da maioria dos policiais militares da Corporação que, em absoluto, concordam (ou praticam) crimes ao invés de combatê-los ou preveni-los. Conheço muitos policiais (alguns que me são parentes próximos) e orgulho-me de manter amizade com quatro ex-comandantes da Corporação, meus velhos amigos e leitores assíduos.

E sim daqueles que fazem uso da farda e do revólver para seus interesses privados e político-partidários. Ou admoestações pessoais a cidadãos que consideram opositores. Mesmo  pagando-lhes os salários.

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Ponto Cartesiano

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