A nação portuense está em festa. Não sem razão. O Interporto bateu o arquirrival Gurupi e é o campeão estadual. Com direito a  participar da Copa do Brasil e do Brasileiro da Série D, onde este ano estão times como o tradicional Mixto (de Cuiabá), Brasilia, Botafogo-PB,  Juventude (RS) e o histórico CSA, de Alagoas entre 40 participantes. É a quarta divisão do futebol brasileiro, muito pouca coisa neste país de dimensões continentais onde jogadores são produto de exportação, com superávits comerciais acima de muitos setores da economia que produz.

Mas hoje isto não importa. O Interporto (que tem na raiz a fusão de duas equipes amadoras) – e mantido de pé pelo presidente da equipe, o deputado Toinho Andrade (por sinal jogador de futebol de várias seleções portuenses, como o irmão, prefeito Otoniel Andarede) – é o  melhor do Estado e pronto.

Bom ver o General Sampaio lotado de portuenses (e gurupienses). Ingresso salgado (R$ 20,00), esgotado muito antes da partida pelos cambistas que os revendiam a R$ 30,00. Era pegar o largar. Ruim ver a torcida do Gurupi vaiar a execução do Hino de Porto Nacional. Além da falta de educação, um desrespeito à cidade, ali representada por seu hino que transcende a sua gente.

Não se está aqui a buscar que se entenda o que significa “a Brasilia cidade de Porto” ou “muito em paz portuenses marchemos”, belíssima letra de José Teodoro Negre, captada por melodia do Mestre Adelino,  que aprendíamos a cantar (e respeitar) desde cedo. Integrava até mesmo a grade escolar o seu conhecimento. Na mesma dimensão do Hino Nacional e do Hino à Bandeira.

 Difícil  hoje para grande parcela daquelas cerca de 3 mil pessoas (na minha irmandade portuense vi muito mais gente por ali do que informaram os cartolas) demonstrar a relevância (e por quês) de versos como “Dediquemos aos nossos vindouros/Altos feitos da quadra presente/Uma herança de amor pelo berço/Tocantins entre todos fulgente” que aquela melodia transcende e traduz. Vejam que o Tocantins ainda não havia sido criado, quando foi escrito o hino. O Tocantins já estava na alma dessa gente. Jovens paridos dos 117 caracteres do twitter ou do curtir do facebook. Por isso, acredito, a manifestação mal-sã na sua execução. E que fora possível, jogaria-lhes uma praga terçã: decorá-lo e cantá-lo a cada três dias.  Talvez, assim, descobrissem os valores que ele conduz.

Observando os jogadores no gramado, apesar de não reconhecê-los, afinal, nem os da seleção brasileira a gente reconhece na tv,  difícil não lembrar das partidas de futebol no chão duro inclinado para o Sul do General Sampaio. Um aclive/declive muito utilizado pelos portuenses contra os adversários nos antigos Jogos da Primavera. E do engenheiro Requião que  projetou aquela grama.  

Augusto (meu pai), que assiste a partida comigo, no seus 81 anos, vai mais longe. Rememora os anos de 1.956, quando ele e mais 109 atiradores (recrutas) do Tiro de Guerra, foram obrigados a derrubar as árvores para a construção do campo. O comandante militar do Tiro de Guerra, o paraense Sargento Aires, obrigou 110 reservistas a derrubarem com os braços os frondosos pés de pequi, aroeira e jatobá. Os “recos” amarravam manilhas (cordas grossas) nos caules das árvores e as puxavam para derrubá-las. Tudo isso para fazer uma média com o prefeito da época, Severino Inacio Macedo, um daqueles jovens portuenses, como tantos, que saiu da cidade para estudar em São Paulo e retornou para fazer política. Terminado o  mandato, entretanto, voltou para o Sul.

Mais tarde, o mesmo Augusto,  já em 1.970, construia o Portal de Entrada do General Sampaio, a pedido do prefeito Antônio Coelho dos Santos. Os muros de lajes foram erguidos por Lu de Cassiana. E os torcedores vaiando o hino de Porto Nacional. Aquela torcida de 117 caracteres à margem da história que pouco (ou nada) deve interessar-lhe.

O jogo termina com vitória de 1 a 0 do Interporto. Mérito da equipe, muito bem conduzida pelo treinador Roberto Oliveira, um dos poucos que se distingue à distância. Seja pelo porte físico, seja pela lembrança dos tempos de jogador, visível de qualquer parte do Serra Dourada quando era o guardião da defesa do Vila Nova. A torcida arria a bandeira. Para trás, como um ponto fora da curva, se dissipa. Fica Porto e a sua história. Como no hino: A natura fê-la mais bela/Ei-a! Vamos fazê-la ditosa.

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